Tens a Certeza

Fossem todas as comédias românticas contemporâneas tão extraordinariamente escritas e interpretadas como "Tens a Certeza?" e estaríamos todos muito melhor servidos. Claro que a quem sabe nunca esquece - e James L. Brooks, o homem de "Laços de Ternura", "Edição Especial" e "Melhor É Impossível" (e produtor dos "Simpsons", e criador das "Solteironas"), tem um jeitinho para escrever diálogos que faz 90 por cento da concorrência roer-se de inveja.


Ainda por cima, o elenco deste triângulo amoroso entre uma atleta de competição que literalmente esbarrou no fim da sua carreira, um gestor neurótico apanhado numa armadilha financeira e um jogador de basebol bem-intencionado mas meio bronco - a luminosa Reese Witherspoon, Paul Rudd e Owen Wilson - pega nos diálogos e corre com eles como um maratonista etíope, construindo um olhar particularmente lúcido e com o seu quê de amargo (e, claro, com uma ironia inescapável...) sobre o modo como a vida e o amor nunca são como nos filmes.

O problema é que Brooks é argumentista e director de actores, mais do que realizador, e o que ele faz visualmente deste guião em ouro é uma espécie de "sitcom" de luxo, filmada de modo anónimo e montada sem ritmo, que, literalmente, se arrasta. Não fossem aqueles diálogos, aquele elenco, a fotografia luminosa de Janusz Kaminski, e "Tens a Certeza?" seria fita esquecível. Assim, é apenas a grande comédia romântica falhada dos últimos anos.

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