Crescem as queixas de racismo contra John Galliano
O estilista John Galliano foi ouvido ontem durante cinco horas numa esquadra parisiense, na sequência de um incidente num bar do bairro de Marais, quinta-feira passada, após o qual foi acusado por um casal de proferir insultos racistas. Suspenso pela Christian Dior, a casa de que é director criativo há 13 anos, negou as acusações e apresentou também ele queixa contra o casal por difamação, insultos, ameaças e agressão.
O seu caso, contudo, parece complicar-se. No fim-de-semana, foi conhecida uma nova acusação de anti-semitismo, cuja manifestação é crime em França. Segundo a mulher responsável pela queixa, o enfant terrible da alta-costura terá proferido as agressões verbais em Outubro, no mesmo bar onde, na semana passada, se iniciou a polémica. Ontem, foi divulgado um curto vídeo em que um Galliano embriagado, filmado em telemóvel por turistas, profere frases como "adoro Hitler e pessoas como vocês estariam mortas: as vossas mães e os vossos antepassados teriam sido todos gaseados".
O advogado de Galliano, Stéphane Zerbib, nega as acusações. Quanto à primeira queixa, afirma que as provocações partiram do casal e que o estilista não utilizou linguagem anti-semita. A segunda queixa foi descrita como "oportunista": "Quando se é vítima de comentários anti-semitas ou racistas, não se espera quatro meses", declarou à Reuters. Entretanto, a associação francesa SOS Racisme anunciou que também apresentará queixa contra o estilista.
Galliano, de 50 anos, tem marcada para sexta-feira a apresentação da colecção feminina Outono-Inverno da Dior e para domingo a sua colecção em nome próprio. A casa de moda, que o suspendeu até ao fim das investigações, acentuando que prossegue uma política de tolerância zero ao racismo, ainda não confirmou se a mesma terá lugar. A assessoria de imprensa de Galliano confirma apenas a apresentação de domingo.