Havia que preservar o essencial, a sua voz, mas fazendo-o com uma arquitectura sonora renovada. Não espanta que tenha sido ele, mais uma vez, a sugerir que Jamie Smith dos The xx (também pertencentes à XL Recordings) recriasse na totalidade esse álbum. Os três The xx são personalidades introvertidas, mas o prémio de maior descrição terá que ir para Jamie Smith, produtor, personagem da sombra, normalmente relegado para segundo plano quando se trata de avaliar o trio, mas que afinal é capaz de ter mais importância do que aquela que até agora lhe tem sido dada. Antes já havia lançado uma série de excelentes remisturas (Adele, Nosaj Thing ou Elisa Doolittle), feitas de batidas quebradas e ambientes negros, na esteira de outros jovens músicos da era pós-dubstep (Pariah, James Blake, Joy Orbison ou Mount Kimbie) que têm dado nas vistas nos últimos meses. O álbum agora editado vai nessa direcção. A voz profunda e a forma distendida mas firme de fazer sair as palavras de Heron são preservadas. Mas depois existe um envolvimento sónico singular, dilatado, assente em variações dub, em abstracções electrónicas, em elementos jazzisticos e até em algumas aproximações ao house mais profundo com piano à mistura. E eis como no espaço de pouco mais de um ano, a voz do veterano Gil Scott-Heron dá origem a dois magníficos álbuns.
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