Mau tempo mantém populações e bombeiros em alerta
a O mau tempo voltou ontem a provocar estragos um pouco por todo o país, com várias inundações e quedas de árvores a darem muito que fazer aos bombeiros e populações. A região de Lisboa foi das mais fustigadas, mas também a Norte a chuva e o vento fortes não deram descanso durante praticamente todo o dia.
Ao início da noite havia ainda perto de 20 estradas encerradas devido a inundações, sobretudo em Aveiro, Covilhã, Portalegre e região de Lisboa. Em Mafra, a queda de uma árvore de grande porte feriu o condutor de um carro que circulava na Estrada Nacional 9. E na cidade de Lisboa os bombeiros tiveram de acorrer a mais de 50 inundações em habitações e lojas.
Complicada esteve também a situação nos concelhos de Alenquer e Vila Franca de Xira, onde o transbordo do Rio Grande da Pipa originou inundações em várias localidades. Dezenas de casas e estabelecimentos ficaram alagados a partir da hora de almoço, devido à chuva persistente que se abateu sobre a região na noite e na manhã de ontem. Não há registo de danos pessoais, mas os prejuízos são elevados e os Bombeiros da Castanheira do Ribatejo foram chamados a retirar de casa uma pessoa com problemas de mobilidade.
"É preciso fazer uma intervenção de fundo no rio. Há muitas casas inundadas e as pessoas estão à espera que a água baixe para fazer limpezas e ver os prejuízos", disse ao PÚBLICO Jorge Simões, comandante dos Bombeiros da Castanheira. No local estiveram, também, a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira e o governador civil de Lisboa.
Mais a Norte, em Esmoriz (Ovar), depois de ter invadido o bairro piscatório na madrugada da última quinta-feira, o mar ontem voltou a saltar a protecção de pedra e inundou casas e estabelecimentos comerciais da rua principal, numa extensão de cerca de 400 metros. Tudo aconteceu ao início da tarde: em dez minutos, as ruas do bairro piscatório e a Avenida da Praia foram varridas pelo mar, que chegou a ter 20 centímetros de altura na estrada.
Os Bombeiros de Esmoriz voltaram a ser chamados à praia para ajudar a população a colocar os sacos de areia e placas de madeira nas soleiras das portas, para assim evitar inundações. As operações e a limpeza demoraram cerca de três horas e o acesso à estrada junto ao mar foi vedado para impedir que pessoas e viaturas fossem surpreendidas pelas vagas violentas. A corporação tem 14 homens em prevenção permanente e prevê que hoje a situação possa repetir-se depois do almoço e na madrugada de segunda-feira.
"O mar voltou a ser muito violento. De sete em sete ondas, há sempre uma que vem fora", disse ao PÚBLICO o comandante dos bombeiros, Miguel Gomes, que tem dirigido as operações no terreno. A Câmara de Ovar continua atenta ao avanço do mar e, até ao momento, não foi necessário realojar famílias. "Esta situação causa-nos sempre alguma ansiedade e temos consciência que, do ponto de vista da prevenção, não está controlada", adiantou o presidente da câmara, Manuel Oliveira.