Não admira que tenham ido buscar o nome a um filme de ficção científica de Carpenter, "Darkstar" (1974), não surpreende que na capa do seu primeiro single, "Aidy's girl is a computer", editado em 2009 e causa para intenso burburinho em Inglaterra, estivesse um monólito à semelhança daquele que vemos em "2001: Odisseia no Espaço", de Kubrick, Vamos perceber tudo quando se apresentarem sábado no Musicbox, tendo por companhia os recomendáveis Long Way To Alaska, autores das planagens sónicas que fizeram de "Eastriver" um álbum de algum destaque no ano discográfico português de 2010. Mas voltemos aos Darkstar.
Quando lançaram "Aidy's girl is a computer" pela Hyperdub, a editora de Kode9, responsável por parte da vida mais notável do dubstep, o micro universo das electrónicas e o macro universo da Pitchfork entusiasmou-se com aquela história de amor entre o sintético e o orgânico, com as vozes processadas, saídas de um mundo futurista que dançava ao som dos graves sonâmbulos. Quando editaram "North", o álbum de estreia, o diário britânico Guardian entusiasmou-se sem constrangimentos e descreveu-os como a música que resultaria de um encontro entre Thom Yorke e o supracitado Carpenter. Dubstep? Não o são certamente - a não ser que consideremos os xx ou James Blake dubstep São o que sobrevém a esse ambiente estético, quando o som ele mesmo já não é suficiente e se começam a procurar canções. Os Darkstar de James Young e Aiden Whalley convocaram para "North" o vocalista James Buttery e transformaram-se. São agora memórias de Kraftwerk, Brian Eno ou Human League (têm uma versão e tudo, "Gold") em ambiente gélido-espacial, são uma frágil melancolia criada pelas teclas em cadência minimal, pelos subgraves que funcionam mais como detalhe atmosférico que como pulsar cardíaco, pela voz processada digitalmente, qual "replicant" de "Blade Runner" ansiando por Humanidade.