Silo em vez de parque subterrâneo para a igreja da Memória
Um silo automóvel, com três pisos acima do solo, foi a solução encontrada pela Lisboa Ocidental - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), para garantir a aprovação de parte do projecto urbanístico para a zona envolvente à igreja da Memória, na Ajuda, em Lisboa, classificada como monumento nacional. A SRU pretendia construir um parque subterrâneo, na zona posterior do edifício, mas acabou por reformular o projecto.
Após vários pareceres negativos do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), que levantou reservas por causa da segurança do próprio monumento, e por a obra pressupor o abate de árvores que comprometeria a sua envolvente, o estudo urbanístico da autoria do arquitecto Gonçalo Byrne foi aprovado pela tutela em Novembro de 2010.
Segundo o PÚBLICO apurou junto dos serviços do Igespar, aquela aprovação ficou, contudo, condicionada, por motivos arqueológicos, já que o silo está projectado para a Rua da Paz, local diferente, mas não muito distante da envolvente da igreja, aguardando ainda os serviços técnicos a recepção do projecto de arquitectura.
Para a Lisboa Ocidental, de capital inteiramente municipal e que tem em execução uma vasta intervenção de reabilitação urbana na freguesia da Ajuda, uma alternativa ao estacionamento subterrâneo não chegou a ser equacionada, como disse ao PÚBLICO a presidente do conselho de administração daquela sociedade, ainda em Março de 2010. Nove meses depois, em Dezembro, para resolução provisória de problemas de estacionamento naquela área, a Lisboa Ocidental abriu um parque nas imediações da Travessa da Memória. Segundo Teresa do Passo, este será depois substituído pelo silo.
O programa de execução terá ainda de ser aprovado pela câmara e assembleia municipal e deverá ser executado através de um loteamento. O silo, que de acordo com o plano de actividades de 2010 da empresa terá 93 lugares de estacionamento, será concessionado para estacionamento público. Aquela infra-estrutura, com três pisos acima do solo, terá uma área de implantação de 821 metros quadrados e 2465 m2 de área bruta de construção.
O projecto do parque subterrâneo foi contestado no Parlamento pelo Bloco de Esquerda, que questionou o Ministério da Cultura sobre a localização do parque. Em resposta, o chefe do gabinete da ministra esclareceu que nada seria feito em desacordo com as condicionantes impostas pelos pareceres emitidos.