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Berardo vai abrir concurso para substituir Chougnet como director artístico do museu

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Jean-François Chougnet "há muito que queria voltar para França" NUNO FERREIRA SANTOS

Jean-François Chougnet anunciou ontem a intenção de, já em Abril, deixar o cargo que ocupa desde 2007. O director-geral Rui Silvestre também está de saída

O Museu Colecção Berardo vai abrir um concurso internacional para substituir o seu director artístico, Jean-François Chougnet, disse ontem ao PÚBLICO o comendador Joe Berardo. Chougnet tinha anunciado à agência Lusa que deixará o cargo em meados de Abril, alegando razões pessoais para esta decisão. Também o director-geral do museu, Rui Silvestre, tinha já anunciado a sua saída por razões pessoais. O PÚBLICO tentou contactar Chougnet, mas a assessoria de imprensa do museu disse que ele não faria declarações.

"Os mandatos são de dois anos e já ambos os tinham renovado uma vez", explicou Berardo, presidente vitalício da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Colecção Berardo. "Já pus um anúncio no jornal para o cargo de director-geral [para substituir Rui Silvestre] e tivemos 400 respostas", adiantou, confirmando que são razões meramente pessoais que estão por detrás das duas saídas. "Há muito tempo que Chougnet queria voltar para França e eu tinha-o convencido a ficar mais algum tempo."

De qualquer forma, garante o comendador, Chougnet deixa pronto o planeamento da programação de 2011 e de parte de 2012 e já se manifestou disponível para continuar a colaborar com o museu.

Berardo nega que haja razões económicas por detrás das saídas, mas admite que a crise o leve a tomar algumas medidas de poupança - que, para já, não passam por ter entradas pagas no museu. "Isso não resolve o problema. Implica uma estrutura para organizar a venda de bilhetes, controlar os custos, e a responsabilidade de tudo isso é um pesadelo." Uma hipótese em estudo é a de fechar um dia por semana.

O Ministério da Cultura suspendeu o pagamento da contribuição financeira ao museu para a aquisição de obras, no valor de 500 mil euros, uma situação que, disse ao PÚBLICO João Fernandes, director artístico da Fundação de Serralves (também afectada pela suspensão), estará em vias de ser resolvida. "Já ando há dois anos à espera de promessas", reage Berardo. No entanto, o coleccionador considera que neste momento há outras prioridades no país. "Temos que ter uma certa paciência." Pelo seu lado, também não tem comprado peças para a colecção, embora tenha comprado alguma arte em nome pessoal.

2,4 milhões de visitantes

O Museu Berardo foi inaugurado em 2007 na sequência de um acordo entre o Estado e o coleccionador madeirense, e teve já mais de 2,4 milhões de visitantes. O acordo prevê que o acervo de 862 obras seja cedido até 2016 e instalado no Centro Cultural de Belém. Uma das exposições mais visitadas foi Sem Rede, de Joana Vasconcelos, que ontem disse ao PÚBLICO que considera "a rotatividade uma coisa positiva nestes cargos". Acrescentou que Chougnet "fez um bom trabalho - como não pertencia aos lobbies, não teve os preconceitos próprios destes", e manifestou sempre "uma isenção fantástica", permitindo "a pessoas que não tinham hipóteses, como era o meu caso, fazerem os seus projectos".

Quanto ao futuro do museu, Joana Vasconcelos diz não ter "dúvida nenhuma" de que o melhor seria ter novamente um estrangeiro como director artístico, porque "a pressão [dos lobbies] é tão real que mais vale vir um estrangeiro com outras ideias, outros ritmos de trabalho".

Chougnet conseguiu "construir uma relação com o contexto português e, ao mesmo tempo, uma programação internacional de referência", diz João Fernandes. "Espero que deixe o cargo para novos desafios, que sejam motivadores", declarou, acrescentando que sempre considerou que Chougnet - que foi um dos consultores de Jack Lang nos anos 80, e dirigiu o Parc de la Villete, em Paris - "estava de passagem por Portugal".

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