Opositor cubano Guillermo Fariñas foi preso e libertado três vezes em dois dias
Fariñas foi detido e libertado três vezes em 48 horas. As autoridades tentam evitar manifestações maiores
É um jogo de forças entre a polícia de Santa Clara e um dos principais rostos da oposição cubana. Guillermo Fariñas tem desafiado as autoridades, ao participar em acções públicas ou pequenos protestos e é detido por algumas horas de cada vez que o faz. Ontem sentiu-se mal e foi levado para o hospital, mas já regressou a casa.
Primeiro participou num protesto contra o despejo de uma mulher grávida e dois filhos e foi detido. Depois deslocou-se a um posto da polícia para se manifestar contra a detenção de outros opositores, voltou a ser preso. E o mesmo aconteceu quando foi com um grupo de cerca de 15 pessoas deixar flores junto à estátua do herói nacional José Martí.
As autoridades cubanas estarão a procurar evitar manifestações maiores e as detenções temporárias serão uma forma de dissuasão. Segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, que é ilegal mas tolerada em Cuba, nos últimos dias houve pelo menos 70 detenções temporárias em Santa Clara, a cerca de 280 quilómetros de Havana, entre as quais a de Fariñas, que se tornou num símbolo da oposição ao regime de Raúl Castro. No ano passado esteve 135 dias em greve de fome para apelar à libertação de prisioneiros políticos doentes e foi galardoado com o Prémio Sakharov para a liberdade de expressão, atribuído pelo Parlamento Europeu.
A mãe de Fariñas, Alicia Hernández, contou ao El Mundo que o filho já está em casa, mas que, depois de ser libertado, passou algumas horas no Hospital de Santa Clara, o mesmo onde esteve internado vários meses após a prolongada greve de fome que iniciou em Fevereiro do ano passado. "Sentiu uma forte dor no peito, falta de ar e febre", explicou Alicia Hernández. Fez radiografias ao tórax, um electrocardiograma e outros exames e acabou por ter alta.
Após a segunda detenção, de 16 horas, Fariñas disse à AFP que foi alertado por um alto responsável da polícia, que lhe disse que seria detido, se voltasse a manifestar-se.
Em 2010 pôs fim à greve de fome, quando o Governo anunciou a libertação de 52 presos políticos. E em Dezembro, quando recebeu o Prémio Sakharov, as autoridades não o autorizaram a viajar até Estrasburgo e a sua cadeira ficou vazia, coberta com a bandeira de Cuba.