Assalto ao Santa Maria foi “a maior acção publicitária de combate a uma ditadura”, diz Mário Soares
“O assalto ao Santa Maria foi a maior acção publicitária de combate a uma ditadura”, disse Mário Soares, que apresentou, na Fundação Mário Soares, em Lisboa, o livro que descreve o assalto ao paquete, por Henrique Galvão, em 1961.
A expressão que serviu de título ao livro - “O inimigo nº 1 de Salazar” - foi “roubada sem permissão” por Pedro Jorge Castro à obra de Mário Soares “Portugal amordaçado”.
A “operação publicitária extraordinária” levada a cabo por Henrique Galvão não foi o único acto contra a ditadura de Salazar que o capitão, em tempos um “fiel salazarista”, empreendeu, recordou Mário Soares.
O antigo chefe de Estado contou que Henrique Galvão, que visitou nos anos 1960, no Brasil, começou por, enquanto deputado na Assembleia Nacional, fazer um “aviso prévio de discurso” contra a escravatura que encontrou em Angola.
“A partir daí, começou a ser perseguido pelo Estado Novo e acabou na prisão”, num percurso que conduziria ao assalto ao Santa Maria e ao depoimento contra Portugal na sede das Nações Unidas, relatou Mário Soares.
“Este homem merece que se escrevam cinco livros sobre ele”, disse, por seu turno, Pedro Jorge Castro, que se interessou por Henrique Galvão casualmente, quando, na Torre do Tombo, fazia investigação para uma obra anterior e encontrou o dossiê que documenta a fuga do capitão do Hospital de Santa Maria, onde estava internado, sob vigilância permanente da polícia política.
A obra sobre o homem que protagonizou o episódio que expôs o regime do Estado Novo à comunidade internacional foi considerada por Mário Soares “um livro precioso para compreender um pouco da história contemporânea de Portugal”.