O orgulho da representação LGBT
Primeiro deputado eleito como homossexual assumido, Vale de Almeida compreende as críticas, mas explica o carácter excepcional da sua situação, já que representa uma minoria socialmente remetida à invisibilidade.
Como responde às críticas de usurpação do mandato, uma vez que foi eleito para defender a causa dos direitos LGBT, para fazer duas leis, fez as leis e saiu?
São legítimas e, em parte, justas. Fiz uma escolha e as escolhas todas têm custos e benefícios. Essa é a regra: uma pessoa é eleita para representar todo o país e durante aquele período. No entanto, o que acontece no nosso sistema, como em qualquer outro, é que quando uma pessoa é convidada como independente, por ser uma figura pública em determinada área, para defender uma determinada "agenda", as coisas ficam diferentes. Creio que muita gente compreendeu isso.Também há quem considere que representou o interesse geral, porque o combate à homofobia é do interesse da democracia.
Claro. Embora isso se aplique a muitas outras ditas causas. Existiu historicamente uma marginalização tão forte das questões LGBT, porque foi simultaneamente legal e de mentalidades, que afecta tão directamente a vida das pessoas, que a sua dignificação se faz com a representação de alguém, um deputado ou uma deputada gay ou lésbica. Essa foi a coisa mais importante da minha passagem lá. Eu insisto muito nisso, mais do que as leis, em termos de pedagogia, para o país, de história, etc., esse facto foi muito importante. Nesse sentido, tenho muito orgulho em ter feito esse papel e creio que ele é legítimo.