Exame de Português “correu bem”, mas há quem diga que tinha algumas “armadilhas”
Decorreu nesta sexta-feira a 1.ª fase do exame nacional de Português. Na Escola Secundária do Restelo houve quem saísse satisfeito e quem tivesse sentido “dificuldades na interpretação dos textos”.
Para a generalidade dos alunos da Escola Secundária do Restelo, em Lisboa, o exame de Português desta sexta-feira não trouxe grandes surpresas. “Correu bem”, afirmaram muitos dos que o PÚBLICO entrevistou à saída da prova. Mas também houve quem se queixasse das perguntas de escolha múltipla. “Tinham armadilhas.”
O primeiro exame da época tinha 43.573 alunos inscritos e estava marcado para as 9h30 da manhã. Na Secundária do Restelo, muito antes do início da prova, já os alunos esperavam ansiosos pela chamada.
Marta Vaz e Matilde Carvalho, alunas do 12.º ano, estavam “preparadas” e contavam “encontrar a matéria” para a qual mais tinham estudado: A Mensagem, de Fernando Pessoa, ou O Memorial do Convento, de José Saramago. “Precisamos das notas para entrar no curso superior de Psicologia e Direito.” Por isso, não escondiam o nervosismo.
Não eram as únicas. Havia quem revisse os apontamentos e quem ouvisse música para se acalmar antes de entrar.
Assim que a campainha tocou, os alunos fizeram fila em frente à porta da sala. À medida que o professor Vítor Gorjão os chamava pelo nome iam entrando um a um. Os objectos pessoais foram sendo deixados em cima de uma mesa num canto da sala — só é permitido levar para as secretárias o material essencial para fazer o exame: uma caneta, um lápis e uma borracha.
A certa altura, a sala ficou silenciosa. E em silêncio os alunos aguardaram pela hora exacta do início do exame de Português.
"Dificuldade na interpretação dos textos"
Passadas duas horas, tempo estipulado para a prova, saíram apenas alguns alunos. Os restantes utilizaram a tolerância de 30 minutos na “tentativa de aperfeiçoar o máximo possível”, contaram mais tarde.
No final, nem todos estavam igualmente satisfeitos, mas em todos era visível uma expressão de alívio à saída dos pavilhões, depois da “missão cumprida”.
“Achava que ia ser mais difícil”, disse Miguel Reis, de 19 anos. “Em comparação com os anos anteriores foi um exame acessível. Tive uma professora bastante exigente e, por isso, fiquei bem preparado”, acrescentou, confiante.
Já Matilde Valério, de 18 anos, até ia “bem preparada”. Mas a prova só correu “mais ou menos”. “Senti dificuldades na interpretação dos textos. O Português é subjectivo. Não me sinto muito bem, porque não correu como eu esperava.”
Também um grupo de alunos, que comentava o exame junto ao portão da escola, mencionou a “dificuldade na interpretação dos textos”. “Foi difícil responder às perguntas de escolha múltipla porque tinham armadilhas. Havia sempre duas opções que poderiam parecer ambas correctas, logo estavam sujeitas a interpretação individual”, explicou um deles.
No entanto, este exame não foi decisivo para toda a gente. João Moreira, de 18 anos, não pretende entrar na faculdade e, por isso, a média não é uma preocupação para ele. “Não estudei para o exame, mas espero ter 15 ou 16 na nota final”, contou com um sorriso descontraído.
Muitos dos alunos que o PÚBLICO encontrou à saída da prova de Português estavam à espera que saísse O Memorial do Convento, por causa da celebração dos 100 anos de Saramago. Não aconteceu. Os autores escolhidos foram Camões, Fernando Pessoa e Mário de Carvalho.
Júlio Santos, director do Agrupamento de Escolas do Restelo, comentou: “os exames são acessíveis”, uma vez que “se tratam de provas em áreas específicas para os alunos que querem ingressar no ensino superior”.
Para muitos, a época das avaliações acabou nesta sexta-feira, uma vez que não se inscreveram nas provas de outras disciplinas. Por isso, uma das expressões mais ouvidas à saída da escola foi: “Agora estou de férias!”
Texto editado por Andreia Sanches