Marina Silva: "O Brasil avançou muito, mas na política há um atraso sem tamanho"

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Foto: Nacho Doce/Reuters/arquivo

Delgada, e com uma voz de menina, mas vibrante de uma forma que arrebatou 20 milhões de votos, Marina Silva mudou as eleições no Outono passado. Não passou à segunda volta, mas fez com que ela existisse, quebrando o que se preparava para ser um simples plebiscito ao poder de Lula. Prestes a completar 53 anos, volta agora à sociedade civil, ao fim de 16 anos no Senado. Ao candidatar-se a Presidente não podia recandidatar-se a senadora. Sabia que ia perder essa tribuna. Recebeu o P2 antes do Natal, durante uma visita a São Paulo.

Vai preparar agora a candidatura à presidência em 2014?
Não quero ficar a priori nesse lugar de candidata. Volto à condição de cidadã. A decisão de candidatura não deve ficar já colocada.

Porquê?
Porque é muito ruim quando você não trabalha com o imponderável. E se surgir um nome melhor que o meu para liderar esse processo? Não sei. Tem de se trabalhar como um todo para uma candidatura que represente de facto a luta sócio-ambiental, a transformação que é precisa na política.
O Brasil avançou em muitos aspectos, económico, social, cultural. Mas onde identifico um atraso sem tamanho é na política. A política pode, inclusive, significar perdas para os avanços.
Então quero trabalhar isso de forma ampla, suprapartidária. Se chegar a 2014 e esse chamado for legítimo, espero ter forças para responder sim, mas se for outra coisa não quero já ficar aprisionada.
Nunca me programei dizendo: "Ah vou ser senadora, ministra, deputada." Até brinco, dizendo que a única coisa que me programei para ser acabou não dando certo: eu queria ser freira.
Você tem de trabalhar, participar dos processos, sem achar que existe uma cadeira cativa.

Parte do património que conquistou nas eleições tem a ver com o facto de muita gente se sentir inspirada pelo seu percurso desde a Amazónia. Foi a mais jovem senadora no Brasil, e provavelmente a única nascida num lugar tão remoto, numa família com 11 irmãos, que conheceu a pobreza, que acendia o fogo para fazer o café. Como era essa família?
O meu pai e a minha mãe vieram do Nordeste, do Ceará, por volta de 1945. Chegaram no Acre, o meu pai como soldado da borracha, para o esforço de guerra na Segunda Guerra Mundial, suprindo os aliados de borracha natural. Era uma família simples, humilde, mas muito sofisticada, porque havia ali um grande espaço de estímulo. Minha mãe era uma mulher muito corajosa e determinada. Sou de uma família de matriarcas pelos dois lados, e entre nós, as irmãs, isso continua.

As mulheres decidem tudo?
Não é que decidam tudo, mas se constituem na referência. A minha avô materna era a referência, a minha avó paterna era a referência, quando os meus avós ficaram velhinhos, a minha mãe era a referência. E hoje somos sete irmãs e um irmão, e a minha quinta irmã é a referência.
Não é um processo em que alguém diga: vou ser a matriarca. É algo que acontece, muito natural, e não tem como desconstruir isso.

Eles estão onde?
Lá no Acre. A minha mãe morreu quando eu tinha 14 anos, mas o meu pai, as minhas irmãs, o meu irmão, os meus sobrinhos e sobrinhos-netos, estão lá. Eu é que estou em Brasília com os meus quatro filhos, e o meu marido fica dividido entre o Acre e Brasília, porque trabalha no Acre.

Com que idade aprendeu a ler?
Aos 16 anos. Fiquei analfabeta para escrever e ler até aos 16 anos, ainda que soubesse as quatro operações de matemática, porque se não, quando ia vender a borracha, acabava sendo enganada pelos patrões que calculavam de forma desonesta o peso da produção de látex que a gente fazia.

Todo o dia ia vender borracha?
A gente extraía o látex de segunda a sexta. Sábado geralmente trabalhava na roça, [agricultura] de subsistência, e domingo a gente descansava, era dia de guarda. A minha avó era católica praticante e aprendi os rudimentos do cristianismo com ela. Então domingo era sagrado para nós. A borracha, a gente fazia durante um período, acumulava aquela produção, e vendia a cada 15 dias.

É então que vem a ideia de ser freira?
Veio muito cedo, ainda criança. Quando a minha avó começou a me ensinar a fé, falava que padres e freiras eram pessoas que usavam hábito, moravam no convento, se dedicavam a fazer orações, a entender a palavra de Deus, não se casavam, e aquilo me encantava. Sempre tive uma fé fervorosa dentro de mim. Então comecei a falar que quando crescesse queria ser freira e a minha avó colocava uma objecção que acabou por ser uma coisa boa: dizia que freira não podia ser analfabeta. Quando cheguei no convento tinha algumas freiras velhinhas que eram analfabetas, mas ela dizia isso.

E isso incentivou-a a estudar.
Ficou na minha cabeça como um obstáculo a ser superado. E com certeza foi uma espécie de chama acesa que me conduziu à busca dos estudos.

Foi para a capital do Acre, trabalhou como empregada doméstica...
Isso. E comecei a estudar, em Setembro de 1975 num concurso de alfabetização de adultos.

Ainda com a ideia de ser freira?
Ainda. Quando cheguei fiz três movimentos. O primeiro foi procurar um médico porque estava com um problema de saúde. O segundo foi procurar a escola. E o terceiro foi procurar uma igreja próxima.

Tinha uma hepatite.
Uma hepatite grave que tinha sido maltratada e criou problemas crónicos muito graves.

Teve três hepatites, várias malárias...
Cinco malárias e três vezes hepatite. A primeira foi essa, que peguei em 74. Depois peguei outra em 79, e outra em 86. Malárias peguei cinco vezes quando morava na floresta.

São consequências de ter crescido onde cresceu, também.
É, também. Sempre que tinha uma alteração nos ecossistemas algo acontecia. E quando chegou a estrada, veio acompanhada de um surto de sarampo e malária. Foi nesse período que perdi as minhas duas irmãs mais novas, com sarampo e malária, e também peguei malária.

Como foi a sua saída da igreja católica e a aproximação à igreja actual?
Pertenço à Assembleia de Deus, um segmento evangélico, talvez o maior do Brasil.

Maior que a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).
Sim, sim. Fui da igreja católica desde criança até quando me converti à fé cristã evangélica. Isso foi por volta de 1997, eu já estava no Senado. Ontem o bispo de Brasília esteve comigo e eu dizia para ele: é possível uma conversão dentro da conversão. Sempre me senti convertida à fé cristã e tive essa experiência de conversão dentro da minha própria conversão. Foi um processo tranquilo, que graças a Deus foi muito bem compreendido pelos meus amigos na Igreja Católica, padres, bispos, todos me respeitam, e eu os respeito também.

Mas havia um desencanto?
Quando você se apaixona por uma pessoa não é porque você se desencanta com outra. Você não tem o controle sobre isso.

Não foi uma insatisfação com a Igreja Católica?
Não. Eu tinha excelente relação com a Teologia da Libertação, de amizade, respeito, parceria. Hoje estou muito feliz com a minha fé, com os seus desafios, porque é um processo de aprofundamento da relação com Deus. Deus para mim é uma relação viva, e não significa que eu tenha de ter um olhar de negação das outras pessoas. Jesus não fazia isso, ele se dava a conhecer, e é isso que nos leva a uma experiência viva de fé, quando nos pomos na perspectiva de uma relação de respeito, olhando para o outro. O primeiro grande outro é Deus.

Ainda tem uma relação com as pessoas da Teologia da Libertação?
Sim, sim.

Quem são os seus interlocutores, Leonardo Boff?
Leonardo Boff continua sendo uma pessoa muito importante para mim. Frei Betto é uma pessoa por quem tenho respeito muito grande.

Estamos a falar de apoiantes de Dilma.
No segundo turno apoiaram a Dilma. Isso aconteceu com vários que me apoiaram no primeiro turno. Cada um fez a sua escolha.
As pessoas não podem ser infantilizadas a ponto de serem direccionadas para esse ou aquele candidato, como uma manada. Dilma e Serra teriam de as conquistar. E eu dizia isso, que o voto não era meu, era do eleitor. E foi por isso que preferi ficar independente. Mas não neutra. Fiz inclusive uma carta aberta que encaminhei para os dois [candidatos]. É muito tentador ficar nesse lugar de conduzir as pessoas, para ter a ilusão de que foi você que proporcionou a vitória ou a derrota de alguém. Difícil é ajudar a construir uma escolha.
Liderar é a capacidade de fazer com que as pessoas possam livremente escolher aquilo que acham que é melhor para si mesmas, para a colectividade, para a humanidade.

A sua campanha fazia a ponte entre evangélicos, ambientalistas, esquerdistas, gente muito diferente. Define-se como de esquerda?
Venho de uma trajectória de esquerda e defino-me como uma pessoa que superou a ideia de que o supremo bem está na esquerda e o supremo mal está na direita.
A luta sócio-ambiental vai exigir a capacidade de lidar com os paradoxos. Se as pessoas continuarem separando a humanidade entre esquerda e direita vão perder a oportunidade de buscar uma integração baseada em valores duradouros, democracia, liberdade, justiça, amor, presentes em todas as culturas. É possível fazer alianças pontuais em cima de princípios duradouros. Você vai encontrar pessoas que podem dar uma grande contribuição numa determinada questão. Se vai para uma escola, quer ter um bom educador, e quem disse que um bom educador é só de esquerda ou de direita? A gente não precisa pensar tudo igual.

A questão do aborto tornou a eleição muito tensa na segunda volta. Quer esclarecer a sua posição em relação à criminalização das mulheres?
Acho que podemos trabalhar com a perspectiva de que nenhuma mulher deseja o aborto. Entre criminalizar e descriminalizar, o que se pode fazer para evitar? Que as pessoas possam ter melhor planeamento familiar, que as adolescentes possam ser melhor assistidas.
Defender a vida é um princípio, mesmo que não tivesse fé defenderia isso. Então, quero favorecer a vida, e que a gente se responsabilize por ela, saber quais são as informações que precisamos trazer para esse debate, e não a satanização de quem é a favor e contra. Me recuso a esse debate. Quem é a favor já está satanizado por um grupo, quem é contra já está satanizado por outro grupo porque é considerado conservador.
É preciso que se faça um encontro, olhando para as informações, para os problemas reais, para que a gente possa ter uma discussão. A vida só acontece pelos sucessivos renascimentos, a única coisa constante é a morte. Então é esse compromisso radical com a vida que tem de estar presente em tudo o que fazemos. E quanto mais pudermos agir no sentido de protegê-la, melhor para todos.

Mas as mulheres que praticaram aborto devem ser criminalizadas?
As mulheres devem ser acolhidas. Boa parte das mulheres que praticam aborto são tomadas por um imenso sentimento de culpa. Com certeza não é a cadeia, a punição que as vai ajudar. Elas precisam de acolhimento.
A gente não pode é justificar o tempo todo que isso se repita. Não pode justificar a violência porque tem pobreza. Não pode justificar o aborto em si mesmo por causa do ambiente desfavorável para as mulheres. Quantas mulheres não gostariam de ter o seu filho, e abortam porque não têm atendimento de saúde, porque uma mulher pobre não pode ficar seis meses em repouso? Quantas amigas minhas tiveram um filho porque tinham condições de seguir as orientações do médico? A maior parte dos abortos não é desejada, as mulheres abortam mesmo querendo ter o seu filho.

E a sua visão do casamento homossexual?
Pelas minhas objecções de consciência não sou favorável. Mas direitos civis, sim. A comunidade gay tem direito ao seu plano de saúde conjunto, à herança, porque tiveram o património de uma vida juntos. Aqui no Brasil, quando um dos cônjuges passa num concurso e vai para outro estado, ele tem direito de acompanhar a pessoa. Com a comunidade gay isso não acontece e eu defendo que eles tenham esse direito também. Quanto ao casamento, para mim é algo que acontece entre um homem e uma mulher.

Entre os seus apoiantes há com certeza gente que defende o casamento homossexual. Não é complicado articular isso?
É complicado, mas havia que ser transparente e não fazer um discurso de conveniência. Tenho amigos que defendem a ideia do casamento, e não tenho nenhum impedimento em conviver com eles e apoiá-los em tantas coisas. Mas eu tinha de dizer claramente o que pensava para que as pessoas pudessem escolher livremente se queriam votar em mim. E a boa surpresa é que isso não foi impedimento para que pudessem se engajar na plataforma.
No começo houve uma exacerbação caluniosa em relação à campanha, mas talvez a forma respeitosa com que sempre me dirigi, sem agir com artimanhas, acabou fazendo com que tivéssemos um ponto de equilíbrio.
Reunir diferentes é difícil mesmo, mas quem foi que disse que para estar junto a gente precisa pensar igual? Tem uma série de coisas que apoio noutros candidatos.

Foi mais de cinco anos ministra de Lula. E quando saiu disse que era contra o crescimento material a qualquer custo. Como são hoje as suas relações com o Partido dos Trabalhadores (PT)? Estaria completamente fora de causa um regresso ao PT?
Hoje, talvez seja os PTs...

Há vários, e ainda há o Lulismo?
E ainda há o Lulismo. A minha relação com o PT são as pessoas que sempre acompanharam o meu trabalho, que aprenderam a me conhecer e a me respeitar. Tenho excelente relação com [o senador Eduardo] Suplicy, com o Tarso Genro [ex-ministro de Lula, actual governador do Rio Grande do Sul], uma boa relação com o ministro Luiz Lúcio, com [o ex-ministro] Patrus Ananias, para citar alguns.

E a sua visão do Lulismo? É melhor que o PT?
Não quero ir por esse caminho. As pessoas precisam se envolver com ideais. As lideranças carismáticas têm de fazer um esforço grande para administrar o carisma, e uma das formas é trabalhar para que as pessoas sejam suas interlocutoras, e não apenas suas seguidoras. Colocar-se no lugar de ser seguido, nesse lugar de Messias, é algo muito perigoso para você mesmo e para as pessoas. O espaço da interlocução é aquele em que você escuta e é escutado, vê e é visto.
A minha relação com o Presidente Lula sempre foi essa. Sempre quis interagir. E durante um tempo foi possível essa interacção dentro do governo. Permaneci e agradeço imensamente a oportunidade que tive. Quando vi que essa escuta estava sendo prejudicada pedi para sair. E talvez sair seja a forma de manter a interlocução.

Agora que o Presidente Lula está a sair, somando tudo faz um balanço positivo?
A contribuição do Presidente Lula não será medida apenas por esses oito anos. É uma contribuição dos últimos 30 anos. O que ele fez para construir um partido, para ajudar a construir cidadania política para milhões de excluídos, não só dos bens materiais, mas da política, da capacidade de agir, de decidir um processo político, foi muito grande. E no governo há grandes contribuições inegáveis. A maior delas na área social.
O problema é que a gente não pode, em nome das árvores já plantadas, não olhar para as sementes.
O PT e o Presidente Lula não viram as sementes brotando no nosso quintal, as bandeiras do século XXI, ficaram extasiados com a copa das árvores. E a gente precisava adubar as novas sementes, que são a luta por um modelo de desenvolvimento capaz de fazer o encontro entre economia e ecologia. A visão velha do desenvolvimento pelo desenvolvimento coloca em oposição economia e ecologia. Daqui para a frente terá de ser um encontro, e acho que foi isso que eles não foram capazes de ver.

Dilma deu alguns sinais positivos nesse sentido?
Ainda não. Mas não acredito nos processos petrificados. Porque ainda há pouco tempo quem diria que o Brasil mudaria a sua política quanto a florestas, a metas e até a uma política proactiva na questão climática?
A sociedade brasileira está à frente das lideranças políticas há muito tempo, elas é que ainda não descobriram isso. As metas que o Brasil assumiu são fruto de um pensamento da academia, das ONG, dos media, do processo político. Há uma demanda muito grande por uma nova postura. O Brasil é o país que pode, a partir da economia de alto carbono, criar a economia de baixo carbono. Temos uma base de recursos naturais que permite diversificar a matriz energética, e isso poucos países têm.

A senhora tem sangue negro...
Sim.

Assistimos na campanha a duas mulheres candidatas, e agora o Brasil vai ter a sua primeira mulher Presidente. A raça é uma outra barreira que falta ultrapassar?
Temos desigualdades sociais muito grandes. E a maior é entre a população negra. A maior parte dos jovens pobres são negros. Desempregados são negros. A gente nas favelas é negra. Assassinados são negros. Presos são negros. É preciso criar uma educação que gere igualdade de oportunidade. Hoje temos o Bolsa Família, mas o ideal é que a gente transite para uma inclusão produtiva. E isso é algo que tem de acontecer para todos os segmentos. Por isso defendo as quotas. Não indefinidamente, mas como forma de criar uma base mínima de igualdade a partir da qual as pessoas possam se movimentar. Não se pode tratar os diferentes como se fossem iguais. A forma mais disfarçada de manter a desigualdade é tratar os desiguais como se fossem iguais.

Ainda há racismo no Brasil?
Há sim, preconceito. Mas não se pode combater o preconceito contra os negros criando preconceito contra os brancos. Não se pode dar pertencimento aos negros apartando-os dos brancos. A gente é uma cultura diversificada, integrada, e essa é a nossa melhor riqueza. Uma integração sem eliminação das diferenças, imagéticas, estéticas. Sem predefinir que para ser negro eu tenho de me vestir assim. Se os brancos quiserem se vestir e ser como negros, óptimo. Não pode é não ter direito a escolha.

Diz que vai para a sociedade civil ser "mantenedora de utopias". O que é que as pessoas que votaram em si a vão ver fazer, na prática?
Trabalhar por uma terceira via. O Brasil fica o tempo todo na polarização, historicamente é assim, e só estará maduro quando puder optar por um terceiro. Quando se tem de optar entre A e B não há liberdade de escolha.
E a escolha nem sempre está dada à partida. Posso construir o que estou escolhendo. Se escolho ser médica, vou ter de trabalhar para isso. Esses 20 milhões são um alicerce muito forte. Dependerá de uma nova visão política, de um processo aberto, democrático, não-exclusivamente partidário, oxigenado pelas forças vivas da sociedade, sem querer hegemonizá-las, colocando-se no lugar de parceiro.
Pressupõe democracia, convivência com a diferença, troca. E isso em política muitas vezes se perde, porque os processos são de eliminação do outro. Mas não há como afirmar absolutamente nada se não tenho um outro nas relações humanas, para ser inclusive um espelho do que sou e não sou, do que quero e não quero.

Que plataforma terá? Dentro do Partido Verde (PV) pelo qual concorreu às eleições, de um partido novo, de um instituto?
Dentro e fora. É dentro do PV em parte. É nos movimentos sociais, como o Movimento Brasil Sustentável, e em novos horizontes.
Quantas boas esperanças não precisam se encontrar, e com quantas eu gostaria de me encontrar? Quantas experiências em empresas, na academia, em comunidades, mesmo em segmentos do governo, não estão acontecendo, e as pessoas achando que são apenas um?
Então quero participar disso, foi assim que sempre trabalhei. Nunca fui exclusivamente do PT, do governo nem do Senado. Não vou estar exclusivamente numa instituição e num partido, quero ter a possibilidade de me encontrar com a realidade real.
Por enquanto faço parte do Instituto de Democracia e Sustentabilidade. E estou trabalhando para a criação do Instituto Marina Silva, pensando o legado desses mais de 20 anos de vida pública, desde deputada ao Senado.

Está fora de causa a fundação de um partido?
Não tenho trabalhado com essa possibilidade. Entrei no PV acreditando no que tinham prometido, uma revisão programática para integrar a sustentabilidade, a mudança de modelo de desenvolvimento, e uma reestruturação do partido na perspectiva da democratização. Não dá para criar uma nova política se não criarmos novos processos. É uma descoberta que quero fazer com o partido, e que espero que ele possa fazer comigo.
O esforço maior talvez seja do próprio PV, de se actualizar, de se abrir para uma interacção com segmentos que historicamente não querem participar de partidos, mas não são avessos a manter esse laço.
O poder é um instrumento para, não um fim em si.

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