Jacques Tati continua a funcionar como uma referência incontornável no imaginário francês: desta feita trata-se de um inédito reduzido à essência e transformado numa magnífica animação, em que ressaltam as características de ilusionista do cineasta ele-próprio, com o seu nome, fazendo do "gag" uma ilusória realidade.
E repete-se o milagre: em "O Mágico", Sylvain Chomet encontra a simplicidade de um humor comunicativo, a impassível silhueta do mestre, a magia do real metamorfoseada em mil pormenores de cor e luz. Não existe uma homenagem, nem se procuram citações reconhecíveis; apenas o rigor das formas, o prazer de reinventar um mundo feito de pequenos gestos quotidianos e "mágicos". E fica a pergunta sacramental: para que necessitamos das artificiosas 3D, quando a imaginação e a humanidade abundam?