Fórum Cidadania Lisboa propõe arquivo da câmara no Hospital Miguel Bombarda

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Hospital Miguel Bombarda será reconvertido no futuro NUNO FERREIRA SANTOs

O Fórum Cidadania Lisboa propôs à autarquia que instale o seu Arquivo Municipal no Hospital Miguel Bombarda, que deverá encerrar até ao final do mês. O movimento, em comunicado, explica que faz esta proposta por considerar que "a câmara da capital do país não pode continuar com os seus arquivos fracturados pela cidade, indevidamente instalados, quando não parcialmente encerrados".

A proposta foi apresentada formalmente à vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, numa reunião a 18 de Novembro, diz o comunicado assinado por Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge e Júlio Amorim. O que o Fórum Cidadania defende é que não se deve pensar numa nova construção para colocar o arquivo, mas sim ""reciclar" um edifício já existente e devoluto, de preferência histórico".

Segundo o movimento, o Hospital Miguel Bombarda corresponde exactamente a esse perfil, por ser "central, ter património de elevado valor arquitectónico e histórico" e uma área "largamento superior aos 15 mil metros quadrados exigíveis pela Câmara Municipal de Lisboa" para o arquivo.

O Hospital Miguel Bombarda pertence actualmente à Estamo (da Parpública), empresa pública que tem como função vender património do Estado, e que é também proprietária dos hospitais do Desterro, de Santa Marta, de São José e dos Capuchos. O Fórum Cidadania Lisboa apela à câmara para que "desenvolva todos os esforços" junto do Governo e da Es- tamo para chegar a um acordo para a instalação do arquivo.

A Estamo entregou já na câmara municipal um estudo prévio para o Hospital Miguel Bombarda, da autoria do atelier de arquitectura Belém Lima, e que prevê na zona do edifício principal (antigo convento) a construção de espaços para habitação, comércio e serviços. Entre o "edificado a reconverter" (por oposição ao "edificado proposto") estão os dois edifícios em vias de classificação, o Balneário D. Maria II e o Pavilhão de Segurança, edifício pan-óptico de 1896, onde está instalado um museu com a colecção de Outsider Art, arte feita pelos doentes que durante mais de um século passaram pelo Miguel Bombarda.

O Ministério da Saúde ainda não assegurou a manutenção neste local do museu, que tem um arquivo com mais de 4500 fotografias desde finais do século XIX, além de centenas de livros manuscritos, entre os quais os de registo de doentes desde 1848, e que está ligado à história do edifício (o Pavilhão de Segurança era o local onde ficavam internados os doentes com antecedentes criminais, muitos deles transferidos da penitenciária).

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