Líder do Kosovo acusado de ser chefe mafioso
Hashim Thaçi, que venceu as eleições legislativas do domingo passado, as primeiras desde que a independência foi declarada em 2008, é identificado como “o patrão” de uma rede que começou a operar no início da guerra do Kosovo, em 1999, e que, entre outro tipo de acções, exerceu na última década o “controlo violento” do comércio de “heroína e outros narcóticos” na Europa de Leste.
O relatório, que reforça anteriores alegações de envolvimento de Thaçi em actividades criminosas, é o resultado de dois anos de investigações e recorreu ao FBI e a outros serviços de informações e agências de combate à droga de pelo menos cinco países. “Examinei estes diversos e volumosos relatórios dos serviços de informação com consternação e indignação”, disse o autor do relatório, o especialista em direitos humanos Dick Marty.
Colaboradores do actual chefe do Governo kosovar são acusados de terem feito reféns sérvios na fronteira com a Albânia, para lhes extraírem rins para venda no mercado negro.
A actividade criminosa data do tempo em que Thaçi e o seu grupo de Drenica se tornaram a facção dominante do UÇK, Exército de Libertação do Kosovo. Esse ascendente permitiu-lhe assumir o controlo da “actividade criminal ilícita” em que kosovares estavam envolvidos na fronteira sul, com a Albânia. O chefe do Governo e outros membros do seu grupo são acusados de “assassinatos, detenções, espancamentos e interrogatórios”.
O autor do relatório diz também que a comunidade internacional, focada na limpeza étnica contra membros da etnia albanesa levada a cabo pelo líder sérvio Slobodan Milosevic – que terá vitimado mais de dez mil pessoas – escolheu ignorar os crimes de guerra do UÇK. O documento do Conselho da Europa refere que durante a guerra, e pelo menos no ano que se seguiu, as forças de Thaçi vingaram-se de sérvios, ciganos e albaneses acusados de “colaborar” com o inimigo. Fonte do gabinete do primeiro-ministro citada pela Reuters reservou uma reacção para mais tarde.