Bryan Ferry

Uma combinação mágica de crooning acetinado, letras místicas, guitarras épicas, teclados acolchoados e ritmos ligeiros fizeram de "Avalon" um dos melhores discos pop de sempre. "Avalon" saiu em 1982 e naturalmente Bryan Ferry passou boa parte da sua carreira posterior a explorar o mesmo filão seja a solo, seja com os Roxy Music. Menos natural é quase 30 anos depois lance um novo álbum, para mais o primeiro de originais em oito anos, que soa como pouco mais que uma colecção de sobras de "Avalon". A voz não perdeu o encanto, o reportório onde se inclui uma versão de "Song of the siren" é muito aceitável, a ficha técnica é uma parada de estrelas, onde se incluem desde David Gilmour a Brian Eno, passando por Nil Rodgers e os Scissor Sisters.

Todos estes recursos não impedem, contudo, que "Olympia" soe a requentado, quando à partida tinha tudo para ser outra coisa. Alguns dos temas deste alinhamento já têm um bom par de anos, tendo sido objecto de intervenções radicais e inovadoras, diz quem ouviu, assinadas por gente como DJ Hell e os Groove Armada. No final, porém, Ferry arrependeu-se de tanta ousadia, preferindo reescrever e regravar durante eternidades os temas, até soarem sempre ao mesmo. Se faz algum sentido é em termos comerciais, uma vez que se o recheio musical é pouco gratificante, em contrapartida esta edição é uma das mais sedutoras e luxuosas da sua inteira discografia. Capa dura envernizada, CD com temas extras, DVD do "making of", fotos ultra sensuais de Kate Moss por todo o lado e até um retrato de Ferry com assinatura de Anton Corbijn. Em resumo a perfeita prenda de Natal para quem consumir música ainda não é sinónimo da descarregar da internet, que é como quem diz, para quem parou de querer saber o que se passa na música desde que comprou "Avalon".

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