Kaija Saariaho em busca do Graal

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Kaija Saariaho: compositora em Residência na Casa da Música durante 2010

No programa do próximo concerto do Remix Ensemble estará em destaque a música da finlandesa Kaija Saariaho (n. 1952), Compositora em Residência na Casa da Música durante 2010. Sob a direcção de Reinbert de Leeuw, serão interpretadas duas das suas obras maiores, nomeadamente "Lichtbogen" e "Graal théâtre", um concerto para violino escrito para Gidon Kremer em 1995, que será apresentado no Porto em estreia nacional. "Uma só Divina Linha", peça escrita pelo holandês Jan Van de Putte a partir da poesia de Álvaro de Campos, e "Bouchara (Chanson d'amour)", de Claude Vivier, completam o alinhamento.

O título "Lichtbogen" foi inspirado a Kaija Saariaho pela aurora boreal que presenciou no céu da região árctica no momento em que se preparava para compor a obra. "Quando olhava para o movimento destas imensas e silenciosas luzes que corriam sobre a escuridão do céu as primeiras ideias relativas à forma e à linguagem da peça começaram a mover-se na minha mente", escreveu a compositora na nota de programa de "Lichtbogen".

Por seu turno, "Graal théâtre" corresponde ao título do livro homónimo de Jacques Roubaud. Durante muito tempo, Saariaho achou que a realização de um concerto para violino que se enquadrasse no seu percurso e na sua linguagem pessoal era uma tarefa impossível pelo que a ideia da "busca do Graal" funciona também como metáfora dessa conquista. A componente teatral também expressa no título remete para o papel do solista.

Considerara como uma das mais importantes personalidades criativas do actual panorama musical, Kaija Saariaho efectuou a sua formação em Helsínquia, Friburgo e Paris, tendo as suas pesquisas no IRCAM (Institut de Recherche et Coordination Acoustique/ Musique) influenciado profundamente o seu percurso criativo. As texturas luxuriantes e misteriosas que percorrem muitas das suas peças são frequentemente criadas a partir da combinação dos instrumentos acústicos com a electrónica. O seu catálogo inclui numerosas obras de câmara, mas a partir da década de 1990 começou a explorar mais sistematicamente efectivos e estruturas maiores, patentes nas óperas "L'Amour de loin" e "Adriana Mater" ou na oratória "La Passion de Simone".

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