Um comboio descontrolado que transporta materiais perigosos em direcção aos subúrbios de Filadélfia, dois ferroviários que são a única esperança para evitar a catástrofe. Tudo na premissa grita filme de acção descartável empolado até à quinta casa em termos de orçamento e efeitos perfeito para desperdiçar uma tarde de fim-de-semana, "thriller" funcional à medida de vedeta em velocidade de cruzeiro.
Aqui entra a surpresa de ver Tony Scott, que não raras vezes se deixa levar pelo frenesi estiloso da velocidade gratuita sem outra função que não encher o olho, a elevar "Imparável" a um dos mais eficazes filmes de género hollywoodianos dos últimos anos, conseguindo invocar o espírito das grandes séries B dos anos 1950. O estilo eléctrico e epiléptico do realizador inglês é feito à medida desta história que ganha aceleração à medida que o comboio ganha velocidade, contada quase em tempo real e perfeitamente modulada por uma montagem firme.
Não é a primeira vez que Scott acerta - lembramo-nos de "Inimigo Público" e "Déjà Vu" como momentos em que o estilo e o filme estavam à altura um do outro - mas a absoluta despretensão de "Imparável", exercício de puro prazer na articulação do movimento, é capaz de o tornar no seu melhor filme em muito tempo.
Trailer