Manifestação contra cortes nas bolsas do ensino superior juntou estudantes de todo o país

Vindos nomeadamente de Coimbra, Braga, Porto, Lisboa, Beja e Évora, os estudantes juntaram-se na Praça do Marquês de Pombal, com cartazes em que podia ler-se “Queremos estudar! Acção Social para todos” e “Mais financiamento para o ensino superior”. Daí, rumaram em direcção à Assembleia da República (AR), onde foram recebidos por todos os grupos parlamentares. Um novo compromisso foi assumido por todos os partidos: o de reapreciar, no dia 9 de Dezembro, a lei que redefine as condições de acesso aos apoios.

Segundo Miguel Portugal, presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), participaram na manifestação entre seis mil a sete mil estudantes, dos quais 3500 provenientes de Coimbra. Já Luís Rodrigues, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), aponta para os quatro mil participantes.

Os cortes nas bolsas atribuídas aos alunos do ensino superior foram um dos principais motivos da manifestação convocada pela AAC e à qual outras associações aderiram. “Nós queremos revogar o Decreto-Lei 70

2010”, afirma Miguel Portugal. A lei a que se refere redefine as condições de acesso aos apoios sociais e conduzirá, segundo o dirigente da AAC, “milhares de estudantes a saírem do ensino superior, porque não têm acesso a bolsa de estudo”. O contexto actual de contenção e de cortes orçamentais gerou a reformulação das condições de acesso às bolsas. No entanto, segundo Miguel Portugal, “a poupança não pode ser feita junto dos mais carenciados”.

Luís Rodrigues estima a “perda de 500 estudantes bolseiros só no caso da Universidade do Minho” e acrescenta que, na maioria dos estabelecimentos, “50 por cento dos alunos estão em risco de sair do sistema de apoio social”.

“Mesmo sendo mais complicado, sei que me consigo aguentar, mas conheço colegas que vão ter de começar a trabalhar ou sair do ensino superior”, afirmou, referindo-se ao corte nas bolsas, Miguel Valente, estudante de 21 anos do curso de Direito da Universidade de Coimbra. Débora Santos, de 22 anos, é estudante do curso de teatro na Universidade de Évora (UE). O subfinanciamento do ensino superior é um dos problemas que considera mais graves. “Na UE, muitas vezes somos nós que pagamos os fatos para as peças de teatro, os estudantes de artes visuais têm de pagar as tintas e os de bioquímica chegam a pagar os reagentes”.

O candidato presidencial apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda, Manuel Alegre, esteve presente na manifestação. “Estou preocupado pelo facto de haver estudantes que, com o novo critério de atribuição de bolsas, possam abandonar os estudos por razões económicas. É preciso evitar isso”, defendeu, com convicção.

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