Cheers, onde é que já vimos este bar?

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No coração de Boston (84 Beacon St), em frente ao jardim público, há um prédio de tijolo vermelho, parcialmente revestido de pedra branca, com janelas de vãos altos e estreitos. À primeira vista, nada o distingue dos restantes. Mas durante o dia há quem pare para fotografar a fachada e muitos acabam por entrar. Um gradeamento típico do século XIX pintado de preto dá acesso, através de uma pequena escada, a um pátio estreito rebaixado e longitudinal à fachada. A entrada é discreta. O guarda-vento separa a porta de madeira do bar mais famoso do mundo, que serviu de inspiração à sitcom de humor da NBC: Cheers, aquele bar. É um típico bar de bairro.

Fundado em 1969 com o nome d Bull & Frich Pub, só mais tarde, já com a série a correr, seria rebaptizado com a designação de Cheers. Mas, dezoito anos depois de ter saído do ar, a série televisiva continua a atrair fãs ao local. Quem não se lembra do dono, Sam Malone (representado pelo actor Ted Danson), um jogador de basebol reformado dos Boston Red Sox, com fama de possuir uma lista com os nomes das suas conquistas?

Mal descemos os três degraus que dão entrada ao bar, os mais jovens são interpelados por um empregado descontraído: "Show me your ID, please?" À nossa espera está o índio afável que nos habituámos a ver na televisão. Nas paredes, ora brancas, ora de tijolo vermelho à vista, intercaladas por lambris e roda tectos de madeira escura envernizada, estão penduradas fotos de actores que participaram na série, de jogadores de basebol e tacos de madeira. Há posters, placas de madeiras e de metal. Há janelas com vitrais de cor, iguais aos candeeiros. O ambiente é acolhedor. Mas em simultâneo temos uma sensação de estranheza. E com razão. Ao contrário da fachada do prédio, que é a mesma que nos habituámos a ver na televisão, o interior do bar surpreende. Em vez do balcão central que na série televisiva funcionava como uma ilha, para permitir aos espectadores que assistiam em directo verem os actores em acção, no bar original está encostado à parede e separado das mesas onde se sentam os clientes por uma baia formada por estreitas colunas.

No bar de Beacon Street não existe uma mesa de bilhar à volta da qual os clientes de Sam Malone discutiam os temas quentes do dia: o desporto, as finanças e a política. Mas, tal como acontece nos bares ingleses, o elemento principal da decoração é mesmo a madeira de que é feito o balcão e os 20 bancos altos que o rodeiam. O espaço é pequeno. À volta das 13 mesas quadradas, separadas por grupos de três por baias e prumos estreitos, há cadeiras redondas e de braços. Ao fundo, uma loja de venda de lembranças, desde copos a garrafas de cerveja, bonés, canecas, cerveja, ursos de peluche, até fatos de bebés.

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