As pragas da Tinta e do cancro
A doença da Tinta e o cancro do castanheiro são a maior ameaça que paira sobre a cultura da castanha na região da Padrela. Cerca de metade dos soutos está contaminada e a progressão das duas pragas não dá mostras de abrandar, apesar de serem relativamente recentes na região.
O cancro só foi detectado há coisa de 20 anos, cerca de 80 anos depois de quase ter levado ao desaparecimento do castanheiro nos Estados Unidos. A doença da Tinta é conhecida no mundo desde o século XIX.
Graças a inúmeros trabalhos de investigação desenvolvidos pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Politécnico da Bragança e o Centro Nacional de Sementes Florestais de Amarante, já se sabe quase tudo sobre o mecanismo das duas doenças. Mas ainda não existe nenhum tratamento eficaz. A doença da Tinta deve o nome à cor negra que a árvore adquire por baixa da casca quando é afectada. É causada por dois fungos e a sua propagação dá-se através da água de rega, da chuva, do transporte de terra e de material vegetativo contaminado. Os fungos atacam o sistema radicular dos castanheiros, afectando gradualmente a circulação da seiva e levando à morte da árvore. O cancro do castanheiro é igualmente provocado por um fungo, ataca a parte aérea da árvore e propaga-se através do lenho.
Ambas as doenças devem ter chegado à região da Padrela e ao resto do país através da introdução de castanheiros provenientes de viveiros contaminados. Mas o mais dramático é que a sua progressão acelerada se deve essencialmente à insistência por parte dos produtores em práticas culturais erradas, como a mobilização profunda do solo e as podas sistemáticas.