Fundador critica fecho do Museu da Indústria
O fundador do Museu da Indústria do Porto, José Lopes Cordeiro, considera "lamentável" o fim do projecto para o museu e critica "falta de interesse e de esforço" para prosseguir com o plano. Lopes Cordeiro, que foi director científico do Museu da Ciência e Indústria do Porto, de 1992 a 2002, afirmou à Lusa que "o fim do projecto explica as razões do atraso" de Portugal e, em especial, do Porto.
"A cultura é factor de desenvolvimento económico e é preciso perceber isto", frisa. Sustenta que o Porto, enquanto não entrar "no circuito" cultural, não pode concorrer com outros municípios europeus. "Famalicão é uma cidade com uma dinâmica cultural muito mais interessante e sólida do que o Porto, que é a segunda cidade do país", frisou.
A Câmara do Porto e a Associação Empresarial de Portugal (AEP) anunciaram, terça-feira, que vão extinguir a Associação do Museu da Indústria, deixando assim cair a reabertura do museu, que esteve inicialmente instalado nas antigas Moagens Harmonia. Devido à construção da Pousada do Freixo no local, o acervo foi transferido para um armazém na zona industrial. A Câmara do Porto e a AEP alegaram que se goraram as tentativas de angariar novos financiadores para o museu".
Para Lopes Cordeiro, a solução não era fácil, "mas era possível, se houvesse vontade". Considerou que "as responsabilidades estão muito diluídas" sobre essa "falta de vontade". Apontou a ex-vereadora Manuela de Melo, da gestão do socialista Fernando Gomes, como a primeira responsável, mas sublinhou que "houve sempre falta de visão e de ideias". Sustentou também que "é incompreensível que a AEP não valorize (...) o seu passado e o seu trajecto" e defendeu que "importa salvaguardar o acervo [do museu] ".