Com uma carreira de sessenta anos, Teotónio Pereira é uma das mais destacadas personalidades da arquitectura, urbanismo e habitação em Portugal. Os seus traços estão espalhados pelo país: da Igreja de Penamacor (o seu primeiro projecto, construído quando tinha 27 anos), ao Bloco das Águas Livres (com Bartolomeu Costa Cabral), passando pela Habitação Social para Olivais Norte, em co-autoria com Nuno Portas e Pinto de Freitas, e pela Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa (as duas ultimas vencedoras do prémio Valmor).
Em declarações à Lusa, o arquitecto contou que esta homenagem “é um testemunho” de que cumpriu bem a sua profissão. “Mostra que tive alguma importância na sociedade portuguesa ao longo de mais de meio século no plano profissional e noutros planos”, acrescentou, referindo-se também à actividade política e cívica durante o regime de Oliveira Salazar. Teotónio Pereira foi um histórico defensor de direitos cívicos e políticos durante o regime salazarista e foi na altura detido várias vezes pela PIDE. Foi um dos libertados da prisão de Caxias no 25 de Abril de 1974.
Aos 88 anos, Teotónio Pereira compara os tempos de hoje com a altura em que se formou. “Quando me formei havia muito poucos arquitectos e tinham pouca importância social. Eram os engenheiros que dominavam a construção, e os arquitectos eram subalternos. Hoje são socialmente muito reconhecidos” contou o arquitecto formado na Escola de Belas Artes de Lisboa, recordando que “antigamente havia um conceito errado ao recorrer aos arquitectos apenas para criar obras sumptuosas. Hoje, os arquitectos devem fazer desde as obras mais modestas às mais grandiosas".
Nuno Teotónio Pereira é ainda autor de vários artigos e comunicações nas áreas de arquitectura, urbanismo, habitação, património e território.
Em 1995 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 2004 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante, e em Abril deste ano a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Municipal.