O mercado português de arte está cheio de falsificações

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As falsificações apreendidas hoje pela PJ Nuno Ferreira Santos

São falsificações tão perfeitas que passariam despercebidas aos mais entendidos. Um total de 130 quadros  com a assinatura de destacados nomes da pintura mundial, entre os quais, Leonardo da Vinci, Kandinsky, Picasso, Modigliani, Miro, Chagall, Matisse, Monet e Vieira da Silva, a única portuguesa. Obras falsas cuja apreensão foi anunciada hoje pela Polícia Judiciária (PJ).

A operação designada "Caverna do Tesouro" iniciada pela Directoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ há menos de três meses, resultou em sucesso. Segundo os investigadores esta foi, em termos absolutos, a maior apreensão de sempre em Portugal e uma das maiores na Europa.

É um sinal de que  "Portugal já se encontra definitivamente nas grandes rotas internacionais de falsificação de quadros" e de que "o nosso mercado está enxameado de falsos", nota o coordenador da investigação de furtos de obras de arte da PJ, João Oliveira, em declarações ao PÚBLICO.

Os quadros foram descobertos durante uma busca a casa de uma mulher de origem nórdica, nos arredores de Lisboa. Se fossem verdadeiros, valeriam centenas de milhões de euros.

No mesmo local foram também encontrados e apreendidos certificados falsos da autenticidade das pinturas.

Em comparação com os anos anteriores, 2010 registou, de longe, o maior número de apreensões de obras de arte em Portugal. "Há claramente um pico enormíssimo de apreensões", diz  João Oliveira. Salientando que o fenómeno terá uma explicação multifactorial, este responsável da PJ considera que uma das principais razões do aumento de casos, está certamente relacionado com a crise económica que abre "janelas de oportunidade às actividades ilícitas".

O mercado de arte é um "meio muito restrito" em Portugal, salienta João Oliveira. Um meio marcado por cumplicidades, por jogos de silêncio" de quem não se quer comprometer nem ter problemas, nota o investigador.
Estas são certamente algumas das dificuldades que se colocam à investigação do furto de obras de arte. 

Num comunicado distribuído hoje à comunicação social, a PJ esclarece que a suspeita foi detida em flagrante delito e presente ao tribunal competente. Ficou obrigada a apresentar-se periodicamente na esquadra da área onde reside, bem como proibida de se ausentar do país. Teve ainda de pagar uma caução.

No comunicado divulgado hoje, a PJ recomenda aos interessados em adquirir pintura, particularmente de autores conhecidos e de grande cotação no mercado, para que procedam de forma a cautelosa, apurando a sua origem e confirmando a sua autenticidade antes de fechar negócio. Em caso de dúvida, contactem-se os serviços especializados, alerta a PJ.
Os investigadores solicitam ainda o contacto de quem adquiriu recentemente pintura estrangeira, de forma a que a autenticidade dessas obras seja averiguada. 

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