Quem adquirir o BPN pode ser forçado a investir 700 milhões para equilibrar as contas

Este esforço, calculado pelas entidades que ponderaram a compra do banco, poderá inviabilizar o regresso do BPN ao sector privado ou forçar o Governo a alterar as actuais condições inscritas no caderno de encargos da privatização.

As entidades que avaliaram o dossier de privatização do BPN já comunicaram às autoridades que, para conseguirem repor um novo equilíbrio no banco intervencionado desde 2008, seria necessário injectar fundos e constituir provisões de pelo menos 700 milhões de euros. A esta verba somar-se-iam 180 milhões de euros, o preço mínimo de venda inscrito no caderno de encargos, o que poderá explicar o desinteresse manifestado pelos três bancos (Barclays, Montepio Geral e BIC Angola) que levantaram o caderno de encargos da privatização. Ao longo do dia de ontem o PÚBLICO procurou obter junto da administração do BPN, liderado por Francisco Bandeira (indicado pela CGD), um comentário sobre esta questão. Mas Bandeira não esteve disponível para prestar esclarecimentos.

A análise da situação económica e financeira inscrita no caderno de encargos revelou "um buraco" de 700 milhões de euros, sustentado no excesso de pessoal, em imparidades no crédito concedido e num deficiente provisionamento de riscos. Isto porque as garantias associadas a estes créditos foram consideradas incobráveis.

A avaliação do dossier já exclui os activos tóxicos do BPN (avaliados em 1,5 mil milhões de euros) que irão ser transferidos para um veículo que procurará proceder à sua recuperação a prazo.

No processo de "limpeza" do BPN, o Estado vai retirar do BPN a dívida que este tem à CGD, 4,6 mil milhões de euros, mas manterá as garantias.

Ontem, o Jornal de Negócios noticiou que o Estado se comprometeu a colocar no BPN mais 400 milhões de euros antes de concluir a privatização de modo a repor os níveis de solvabilidade do banco.

Em entrevista à RTP, o ministro das Finanças admitiu que o Estado terá de injectar fundos no BPN, que tem capitais negativos, para manter os rácios de capital nos limites exigidos pelo BdP. Mas não esclareceu os montantes e os timings.

Na sua proposta de OE para 2011 o Governo reinscreveu uma dotação de capital de mil milhões de euros (que já existia no OE deste ano e que não foi usada) para aplicar em instituições financeiras. Uma decisão que o próprio ministro das Finanças justificou há uma semana como tendo intenção de acautelar novas injecções de fundos na CGD ou no BPN em 2011.

Sugerir correcção
Comentar