Este é o ano de Agustina no Escritaria

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Agustina Bessa-Luís Adriano Miranda/PÚBLICO

Esta frase de Agustina Bessa-Luís vai ficar inscrita, a partir de amanhã, em letras de betão, no jardim de uma das principais ruas de Penafiel: "A glória, sobretudo a glória fácil, sempre me pareceu a parte vil do mérito, e não fiz nada para a atrair." Será a marca permanente mais visível do programa da terceira edição do Escritaria, festival de literatura da câmara local, e que este ano é dedicado à autora de A Sibila.

"Seria uma inevitabilidade que Agustina viesse a passar por Penafiel. Ao homenageá-la, estamos apenas a cumprir um dever de gratidão por uma figura e por uma obra que marca o panorama das Letras portuguesas do século XX", diz Alberto Santos, presidente da autarquia.

Depois de Urbano Tavares Rodrigues, em 2008, e de José Saramago, no ano passado, é agora a vez de a obra de Agustina ecoar pelas ruas e praças da cidade. O programa do Escritaria 2010 começa hoje - dia do 88.º aniversário da escritora, que não estará em Penafiel, por razões de saúde -, às 15h00, com uma viagem no "autocarro da leitura" à terra de Agustina, Vila Meã, a oito quilómetros da cidade. Alberto Santos sublinha, por isso, o facto de Agustina ser uma escritora da região - nasceu no município vizinho de Amarante - e de esta estar bem presente no imaginário das suas obras.

De entre as inúmeras iniciativas que preenchem o programa de amanhã e domingo, destaque para a reedição de Dentes de Rato, um livro infantil de 1987, mas agora ilustrado pela artista plástica e filha da escritora Mónica Baldaque. Ainda a pensar nos leitores mais novos, o livro Pequeno Alberto, o Pensador, também de Mónica Baldaque - uma visita às várias casas da vida de Agustina -, será tema para um workshop com alunos do ensino básico de Penafiel.

Uma exposição documental sobre a vida e a obra de Agustina, cedida pelo Instituto Camões, e outra, Os Seis Rios, comissariada por António Castanheira, com várias abordagens plásticas à figura e obra da escritora, serão inauguradas na tarde de amanhã. Divide-se também por sábado e domingo uma série de conferências e intervenções de vários convidados, com destaque para Manoel de Oliveira, amigo pessoal de Agustina e que, a partir dos seus livros, realizou vários filmes, o mais celebrado dos quais é Vale Abraão (1993), que passa amanhã à noite no Cinemax Penafiel. Inês Pedrosa, Fernando Pinto do Amaral, Maria Barroso, Mário Cláudio e outro realizador, João Botelho, vão também falar sobre Agustina. De Botelho será também exibido o filme A Corte do Norte (amanhã, às 18h00), que adapta um livro homónimo da escritora.

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