Ajuda de Berço corre risco de fechar um centro de acolhimento de bebés por falta de dinheiro

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Ajuda de Berço cuida de 40 crianças até aos três anos Adriano Miranda

Carminho Pinheiro Torres via a preocupação estampada no rosto da mãe, tesoureira da Ajuda de Berço. Tornou-se sócia desta instituição particular de solidariedade social e escreveu uma mensagem a apelar aos amigos que fizessem o mesmo. A mensagem propagou-se pela Internet. A Ajuda de Berço não ameaça "falir" em Novembro, nem as crianças por ela acolhidas correm o risco de ir "para o olho da rua", como escreveu a adolescente. Uma IPSS não abre falência. E, se esta fosse extinta, os meninos seriam transferidos para outros centros de acolhimento temporário. Mas "a situação é dramática", diz a presidente da direcção, Sandra Anastácio. Se não se inverter, um dos seus dois centros pode fechar "no próximo ano".

Ficam em Lisboa os dois centros de acolhimento temporário da instituição criada em 1998. Cada um cuida de 20 crianças até aos três anos, que ali entraram por ordem de uma comissão de protecção ou de um tribunal de família e menores. Para os ter a funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano, a Ajuda de Berço emprega 60 pessoas e gere uma lista de 50 voluntários. A comparticipação da Segurança Social cobre "um quarto das despesas". O resto - de um orçamento anual de milhão de euros - vem do sector privado.

Este ano, como nos anos anteriores, a Ajuda de Berço fez diversas campanhas de angariação de fundos. Só que este ano, como em nenhum outro, as campanhas "têm resultado pouco." Algumas não conseguem juntar mais de 500 euros, outras não vão além dos mil euros. Sandra Anastácio detalha a situação por telefone: "No princípio do ano, tínhamos algum dinheiro de reserva. Temos vivido com esse dinheiro." Não esperava que os donativos feitos por empresas e por privados baixassem "mais de 40 por cento". Este mês, "acabam as reservas".

A directora culpa a crise económica e financeira, que tem dominado a actualidade nacional e que já colocou Portugal na mira do Fundo Monetário Internacional: "As empresas estão mal, os portugueses estão mal." Não planeia cruzar os braços. Revela estar a tentar obter um subsídio extra junto do Instituto de Segurança Social. Acredita haver sensibilidade do outro lado, até porque "não interessará" encerrar uma casa repleta de crianças de quem é preciso cuidar e a quem urge traçar um projecto de vida - regresso à família biológica ou integração numa família adoptiva.

Na certeza de que tal apoio não será suficiente, Sandra Anastácio vai lembrando que há muitas formas de ajudar. Os interessados podem tornar-se sócios, como sugere Carminho no e-mail que se disseminou: pagam uma jóia de dez euros, uma quota anual de 30 euros. Podem ir a uma caixa multibanco e transferir uma verba qualquer, via projecto Ser Solidário. Podem comprar alguns produtos da casa, como a T-shirtA Movimentar o Amor, os livros Bercinho do Bebé ou Histórias Verdadeiras dos meninos da Ajuda de Berço. Ou, simplesmente, oferecer o que faz mais falta este mês: açúcar, arroz, atum, azeite, detergente de loiça, detergente de roupa, fraldas, guardanapos, leite em pó, lixívia para a roupa delicada.

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