"Lola" é um filme belíssimo com a noção perfeita das forças desencadeadas pela emoção, desde as tempestades exteriores que varrem o espaço urbano, assolado por ventos ciclónicos e chuvas torrenciais, até aos conflitos interiores em duas velhas senhoras dignas, confrontadas com crimes e sentimentos contraditórios de sobrevivência familiar. Todas as condições do grande melodrama se conjugam para fazer explodir o que, de certo modo, parece apenas iminente: as reuniões familiares, a perda do controlo, o excesso de pobreza, uma criminalidade reinante que se abate sobre o domínio do individual. Apenas existe um limite fundamental, que impede que o filme arranque para o delírio absoluto, próprio das obras-primas melodramáticas, uma excessiva atenção à mensagem social, uma espécie de necessidade de explicar o excesso pelas condições circundantes, um "realismo" quase próximo do "film-vérité". Dito isto, trata-se, apesar de tudo de um filme a não perder por nada deste mundo, confirmando um grande cineasta de uma interessante cinematografia filipina, pouco conhecida e valorizada: Brillante Mendoza. Não esqueçam o nome.
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