A nova existência da galeria Quadrum

Foto
Alguns dos mais reconhecidos artistas de 70 passaram por aqui NUNO FERREIRA SANTOS

A galeria Quadrum abriu pela primeira vez em Novembro de 1973, pela mão da pintora Dulce d"Agro. O espaço era um antigo refeitório do centro de artes plásticas dos Coruchéus, onde hoje está o complexo de ateliers, projectado pelo arquitecto Fernando Peres.

Alguns dos mais reconhecidos artistas dos anos de 1970, como Alberto Carneiro, Fernando Calhau ou Helena Almeida, passaram por lá. A vanguarda lisboeta, no pós-25 de Abril, reunia-se ali. Na sua programação colaboraram, até meio dos anos 80, Rui Mário Gonçalves, Salette Tavares ou Ernesto Sousa, mas em 1995, com o abandono de Dulce d"Agro, a galeria encerrou portas. Reabriu três anos depois, em 1998, pela mão do artista e produtor António Cerveira Pinto, mas ao fim de poucos anos voltou a encerrar. Reabre hoje.

É um espaço amplo, com muita luz. Abandonada há anos, a galeria volta a ganhar dignidade, envolvida pelos jardins dos Coruchéus, também alvo de trabalho de recuperação. "Gostávamos que voltasse a ser um espaço progressista na sua expressão artística", afirma Francisco Motta Veiga, "capaz de espelhar a realidade da produção contemporânea e, ao mesmo tempo, capaz de reflectir a dinâmica que se pretende imprimir, voltada para a cidade e para as pessoas."

O ciclo de exposições, sob programação do chefe de divisão de galerias e ateliers João Mourão, terá sempre comissários convidados. É o caso da exposição que é inaugurada hoje. Chama-se Anti-Totem, é um projecto dos artistas André Romão e Pedro Neves Marques, com Diogo Evangelista e Eduardo Guerra. Nenhum deles vivenciou o espaço. Não têm nenhuma memória afectiva sobre ele. O que sabem é o que está nos livros sobre arte portuguesa. "O projecto também partiu daí", reflecte André Romão, "dessa grande mitificação em relação ao lugar, que até certo ponto queremos contrariar." Não surpreende por isso que a primeira exposição da terceira existência da Quadrum seja "uma releitura histórica, até porque o nosso trabalho tem muito a ver com esses processos", conclui André Romão.

Sugerir correcção