A concelhia de Santarém do Partido Socialista considera que foi um "disparate" a decisão da maioria camarária social-democrata de permitir a construção de um parque de estacionamento subterrâneo no centro da cidade, no Campo de Sá da Bandeira. Para o PS local, teria feito muito mais sentido investir no ordenamento do Campo de Emílio Infante da Câmara (antigo parque de feiras), onde já existe uma extensa área alcatroada para estacionamento.

Anteontem à noite, a Assembleia Municipal de Santarém aprovou as tarifas a cobrar pelo estacionamento no centro da cidade, com muitas críticas da oposição e de alguns moradores. O preçário entra em vigor no primeiro dia de Outubro.

O Jardim da Liberdade, recentemente inaugurado pela Câmara de Santarém no Campo de Sá da Bandeira, pretende dar mais espaço aos peões e inclui um parque subterrâneo com 469 lugares. O projecto foi, contudo, objecto de um contrato de concepção e construção estabelecido com a empresa ABB, que prevê o pagamento de taxas de estacionamento num raio de 500 metros. A medida tem sido contestada por muitos moradores. O executivo, por seu lado, argumenta que os residentes pagarão apenas 25 euros por ano e lembra que as pessoas com mais de 65 anos estão isentas.

Agora, o PS de Santarém diz que foi sempre contra este modelo proposto e aprovado pela maioria social-democrata. "A partir de Outubro, é a população de Santarém quem vai pagar o parque subterrâneo à entidade privada. Aquilo que pagar é para a empresa que construiu o parque. Essas receitas nem sequer ficam em Santarém. A população vai pagar a uma entidade privada o estacionamento num espaço público à superfície", criticaram os socialistas, durante o debate na assembleia municipal.

Para o PS, o executivo liderado por Francisco Moita Flores deveria ter optado por investir no Campo de Emílio Infante da Câmara, que "está por organizar" e para onde "já existia um projecto aprovado pelo anterior executivo do PS". Os socialistas sustentam, ainda, que "já existe um parque subterrâneo em Santarém que nem sequer metade da sua capacidade tem ocupada".

Na assembleia municipal, o PSD votou a favor da nova tabela de preços e PS, CDU e Bloco de Esquerda votaram contra. A parceria entre a câmara e a ABB (Alexandre Barbosa Borges, SA) prevê que a empresa pague 241 mil euros por ano à autarquia (147 mil pelo estacionamento à superfície e 94 mil pelo parqueamento subterrâneo). A ABB assumiu ainda a construção do parque subterrâneo e do Jardim da Liberdade, num investimento de nove milhões de euros.