Perante a comoção global com que "The Last Airbender" tem sido recebido, apetece dizer: não é assim tão mau. Não é "assim tão mau", se admitirmos que Shyamalan nunca foi "assim tão bom". De certa maneira, isto é mais do mesmo: misticismo pomposo, um pouco tolo (e muito pueril), com bónus para análises autorísticas (os elementos de "Last Airbender", o ar e a água, são os dos últimos filmes: "A Senhora do Lago", filme de água, "O Acontecimento", filme de ar). Também por isso, custa comparar o que já se disse de Shyamalan com o que agora se diz: "The Last Airbender" não é assim tão diferente.
Tudo isto sugere que a coisa funciona por ondas, e que (muitos) críticos do mundo inteiro, pressionados pela "opinião" da Internet, andam à procura do "Graal" contemporizador, o fenómeno de massas que também mereça respeitabilidade crítica - ontem Shyamalan, hoje Nolan (que se vá cuidando), amanhã outro "prodígio" qualquer (má notícia: Hitchcock nunca vai ressuscitar).
Dito isto, "O Último Airbender" é um espectáculo chatíssimo, efeitos sobre efeitos, narrativa pastosa e desinteressante, incapaz de olhar para qualquer coisa (nem mesmo para os actores), e não se salva um plano. Novidade só uma: um filme de Shyamalan que acaba a abrir-se à sequela em fez de se fechar num círculo redondinho como os outros todos. Não serve de consolo? É a vida.