Alemanha prolonga a vida das suas centrais nucleares

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Angela Merkel

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou ontem uma extensão do funcionamento das 17 centrais nucleares alemãs, entre oito e 14 anos mais do que o prazo original de encerramento, em 2021.

"O acordo quer dizer que vamos ter segurança energética", declarou a chanceler, dizendo-se "muito satisfeita" com a decisão tomada após uma polémica de meses e uma maratona de discussões que terminaram na noite de domingo.

As centrais que foram construídas antes de 1980 vão estar em funcionamento mais oito anos para além do prazo antes previsto de encerramento, definido no Governo do antecessor de Merkel, Gerhard Schröder. As mais recentes terão 14 anos adicionais. O país vai, assim, produzir energia nuclear durante as próximas três décadas, nota a revista Der Spiegel.

O acordo pede uma contribuição das empresas que produzem energia atómica para investimento em energias renováveis - que não são ainda, disse Merkel, suficientes para compensar um encerramento das centrais atómicas. "A energia nuclear é uma tecnologia de ponte", sublinhou.

A notícia foi boa para a bolsa alemã, que subiu, puxada por duas empresas de produção de energia atómica, a E.ON e a RWE. Mas poderá não ser tão boa para o executivo de Merkel, já que a extensão do nuclear não é muito popular e o Governo está com baixa aprovação (numa sondagem da estação de televisão ARD, 81 por cento dos inquiridos diziam não estar satisfeitos com o executivo).

A oposição reagiu em força e o líder dos sociais-democratas (SPD), Sigmar Gabriel, prometeu desafiar a decisão em tribunal, para obrigar o Governo a levá-la ao Bundesrat, o Conselho Federal, onde SPD e Verdes a chumbariam (é dúbio se é preciso apenas aprovação do Bundestag, o Parlamento, ou ainda do Bundesrat).

A decisão alemã surge quando outros países europeus, incluindo Itália e Suécia, reconsideram políticas em relação à energia atómica.

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