Jonathan Franzen está em toda a parte

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Não pára o "hype" à volta do novo romance de Jonathan Franzen, "Freedom", oficialmente lançado na quarta-feira nos EUA. O último episódio envolveu Barack Obama. O presidente norte-americano, durante as suas férias habituais em Martha's Vineyard, entrou na livraria Bunch of Grapes, em Vineyard Haven, e saiu de lá com um exemplar do novo romance de Franzen dias antes de ele começar a ser vendido nas livrarias de todo o país. Os seus assessores tiveram de vir explicar que afinal Obama não comprou o livro, nem podia porque não estava à venda, mas que lhe tinha sido oferecida uma "advance reader copy". Nos EUA, estes exemplares de novos livros, as provas não corrigidas encadernadas, são dados pelas editoras com meses de antecedência a bibliotecários, livreiros e jornalistas para que, no dia em que os livros começam a ser vendidos, já tenham sido lidos e comentados e possa começar a funcionar o "boca a boca", que faz vender ainda mais.

Jonathan Franzen não publicava um romance desde 2001, ano em que lançou "As Correcções" (Dom Quixote), National Book Award nesse ano e mais tarde considerado o livro da década. Demorou sete anos a escrever esse que foi o seu terceiro livro, e nove a escrever "Freedom", reiniciado depois de um dos seus melhores amigos se ter suicidado. Era outro escritor, David Foster Wallace.

Ainda antes de "Freedom" estar nas livrarias, a revista norte-americana "Time" fez capa com Jonathan Franzen; a última vez que um escritor vivo aparecera na capa da revista tinha sido em Março de 2010, cabendo então a honra a Stephen King.

Nessa capa de 12 de Agosto, Lev Grossman escreveu: "Ele não é o mais rico ou o mais famoso dos romancistas. As suas personagens não resolvem mistérios, não têm poderes mágicos nem vivem no futuro. Mas no seu mais recente romance, 'Freedom', Jonathan Franzen mostra-nos como vivemos hoje". Considerou que "Freedom" está mais perto de um romance do século XIX do que de um do século XXI. E explicou: enquanto os escritores de hoje costumam escrever sobre subculturas e microcosmos, Franzen escreve sobre a cultura e o cosmos. "Freedom" é, mais uma vez, a história de uma família disfuncional. Começa por nos apresentar Walter Berglund, um advogado casado com Patty, mãe suburbana e descontente que toma conta dos filhos Jessica e Joey. Aparentemente, é uma família que faz sentido até um dia em que tudo se desmorona.

Alguém obrigou Jonathan Franzen a fazer um vídeo para promover o novo livro (pode ser visto no seu "site" oficial). São pouco mais de dois minutos em que ele afirma mais do que uma vez como se sente desconfortável a fazer vídeos daqueles. Em que suspira e lembra que um livro não permite que façamos várias coisas ao mesmo tempo: ou estamos a ler um livro ou não. Isabel Coutinho

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