Os mercados de levante
a Viajando por diversas cidades, procuro - e facilmente encontro - os mercados mais diversos. Mercados permanentes e mercados de levante (que, justamente, se levantam de madrugada e retiram ao fim do dia). Nas cidades mais vivas há destes mercados nos mais variados locais - em praças, em ruas largas ou estreitas, em saídas de metro. Aí se vende e se expõe tudo e mais alguma coisa: frutas, pão e legumes, moda e artesanato, arte e antiguidades, livros e discos. Até ideias e opiniões. Alguns mercados são verdadeiros corações de bairros ou de cidades inteiras.
Só nos últimos dois anos, Nova Iorque instalou 50 novos mercados, quase todos de levante. Barcelona criou três dezenas nos últimos cinco anos, para além de todos os que já tinha. Os locais onde eles palpitam tornam-se mais vivos, mais interessantes. Ganha-se qualidade de vida, havendo, mais próximas, mais oportunidades. De consumo, mas também de oferta, pois assim incentivam-se novas formas de emprego. As cidades que pensam sabem que os mercados de rua são sinal de desenvolvimento e de qualidade de vida - não de pobreza e atraso.
É que vejo poucos mercados destes nas cidades portuguesas. Este país de tradição mercantil tem visto os seus mercados hiperconcentrados e hiperperiferizados, julgando que os hiper são super e que tudo isso é desenvolvimento, afinal debilitando a vida na cidade, na sociedade e na economia, não percebendo o que se pode estar a perder - e o que se poderia estar ganhar.
E com este clima! Façam-se, assim, mercados de levante, muitos e variados, e às mais variadas horas. As cidades brilharão mais e serão mais cosmopolitas. Geógrafo