StopEstra!: o projecto que promete marcar a Casa da Música
Quando há dois anos as bandas que ensaiam no Centro Comercial Stop integravam o Festival Future Places, começava a desmistificação da sua imagem. O antigo centro comercial da cidade do Porto, caído em desuso e cada vez mais um cluster de novas bandas portuguesas, dava os primeiros passos para a visibilidade. Agora, é a Casa da Música (CdM) que se prepara para as acolher, no primeiro Clubbing da rentrée, o que apanha o Dia Mundial da Música, a 1 e 2 de Outubro.
"É com agrado e respeito que olhamos para uma "casa da música" que nasce de forma espontânea", conta Jorge Prendas, o novo coordenador do Serviço Educativo da CdM, responsável pela iniciativa, ontem apresentada em conferência de imprensa.
O projecto, repartido pelos dois dias, inclui três acções distintas. No dia 1 de Outubro, as Brigadas Stop, constituídas por músicos que ensaiam no Stop, espalhar-se-ão pelos pontos simbólicos da cidade, como a Rua de Santa Catarina, a Praça da Batalha ou a Praça Gomes Teixeira. Das 10h00 às 16h00, as pessoas que passarem pelas artérias da Baixa vão ser presenteadas "com um banho de música", graceja Jorge Prendas. No dia seguinte, o sábado do primeiro Clubbing da estação - marcado apenas por música portuguesa - encerrará com a orquestra gigante formada pelos músicos do Stop - a StopEstra - coordenada pelo músico e compositor Tim Steiner.
"Se vierem todos os músicos, cerca de 300, será um sinal de vitalidade e mobilidade que adorávamos poder ter", diz o coordenador do Serviço Educativo.
Até 4 de Setembro, estão abertas as inscrições para cinco bandas made in Stop subirem ao palco Suggia na mesma noite. O critério é a "diversidade e pluralidade" e a escolha caberá ao Movimento de Músicos do Stop. Anselmo Canha, do Movimento e membro dos Repórter Estrábico, confessa-se "bastante curioso" num processo em que "lentamente vão-se dando passos, mudam-se rotinas e pressupostos". A ensaiar no Stop há cerca de sete anos, Rui Babince, membro de bandas como Teia e Touro, admite "não poder desperdiçar a oportunidade", uma vez que "a grande massa ainda desconhece a criação musical feita no Stop, um lugar ainda muito ingrato e alvo de preconceito".
Mas a rentrée da Casa da Música começa já para a semana, com a digressão da Orquestra Sinfónica do Porto CdM a Viena.
Até Dezembro, a Orquestra e o Remix Ensemble estreiam 11 obras e a 27 de Novembro haverá ainda uma "permuta inovadora entre orquestras", disse na conferência de imprensa o director artístico, António Jorge Pacheco. A Orquestra Sinfónica do Porto CdM irá a Lisboa, enquanto o Porto recebe a da Gulbenkian. As actividades regulares do Serviço Educativo permanecem e nomes como Herbie Hancock voltam à Casa. A 9 de Outubro, vários recitais de violoncelos tomarão de assalto os cafés mais emblemáticos da Baixa do Porto.