Soluções de futuro
Aproveitem os censos 2011 e perguntem às pessoas quais as perspectivas de vida e onde querem estar daqui a 20 ou 30 anos
A um país de navegadores, pela experiência adquirida não lhe pode ser permitido navegar à vista. É o que tem sido feito nos últimos anos..., temos navegado à vista envergonhando a nossa nação e os nossos antepassados.
Não existe um plano de estratégia nacional que defina onde devemos estar daqui a 20 ou 30 anos e qual o caminho a percorrer para o alcançar. O sentimento colectivo de que estamos dentro de uma caravela à deriva, sem rumo e embatendo sucessivamente em icebergues é verdadeiro e preocupante. A caravela sem grande estrutura e os obstáculos enormes e constantes, e nós, portugueses, cada vez mais impotentes para os resolver, tal é a sua dimensão.
Uma abordagem objectiva dos problemas e o repensar soluções tornou-se imperativo para que possamos unidos desenhar/perspectivar o nosso futuro - o futuro de Portugal. Urge repensar três áreas fundamentais, a educação, a justiça e a saúde. Não podemos permitir que:
- A literacia em Portugal seja tão escassa, que os jovens licenciados cheguem ao mercado de trabalho já com o destino traçado - o desemprego;
- A justiça demore cerca de 10 ou 15 anos para proferir uma sentença. Que as empresas esperem infinitamente pela satisfação dos seus créditos, pelo reconhecimento dos seus direitos;
- A saúde dos portugueses esteja dependente de seguros de saúde e hospitais privados. Existem muitos portugueses (dir-se-á a maioria) que não se podem "dar ao luxo" de descontar quantias avultadas para a Segurança Social e que simultaneamente assumam o encargo de seguros de saúde para todos os membros das suas famílias - para terem direito a uma "saúde em tempo útil"?
A busca do conhecimento e a produtividade são ferramentas fundamentais para definição do nosso futuro a 20 ou 30 anos, o que só se alcançará com uma educação rigorosa, com metas e objectivos traçados, com identificação, desde cedo, das características pessoais de cada aluno, seus desejos e anseios, sua capacidade inata para o desempenho de uma actividade profissional.
A reforma da justiça, com melhores e menos leis, onde exista uma responsabilização efectiva dos intervenientes, independentemente de serem juízes, advogados, procuradores ou funcionários judiciais - uma reforma cega da justiça é urgente e necessária, sob pena de estarmos a construir um país de "injustiças", no qual os homens e mulheres sérios e honestos não se revejam e se sintam constantemente prejudicados e injustiçados.
No que se refere à saúde, temos três opções:
Uma saúde privada, uma saúde pública ou um sistema misto, sendo que esta última opção não será muito consensual. Contudo, é uma solução muito oportuna e talvez uma via para encontrarmos o caminho também na área da saúde. Sempre terá de existir um sistema de pagamento mínimo e obrigatório para a Segurança Social.
Contudo, cada cidadão deveria poder optar por, do montante agora destinado à Segurança Social, usar (ou não) parte para o pagamento de um seguro de saúde. E não digam que se está a "clamar" por uma saúde para ricos e outra para pobres. É uma questão de justiça e liberdade individual, não se privando nenhum cidadão do acesso à saúde e não ferindo as diversas sensibilidades que existem relativamente a esta matéria.
Se queremos educação de excelência, saúde para todos e justiça impoluta, temos de trabalhar para o alcançar, definindo caminhos e estratégias de desenvolvimento, apostando em áreas estratégicas como são exemplos o mar e a floresta. Não se explica a razão de Portugal não apostar em sectores e áreas específicas "clusterizando-os".
Pegando por exemplo na floresta:
Problema: florestas por limpar - incêndios - prejuízos incalculáveis (incluindo perdas de vidas humanas).
Solução: limpeza das florestas (emprego/segurança), recolha dos resíduos florestais (emprego/transportadoras), centrais de biomassa (emprego/produção de energia/riqueza) ou transformação em pletes para uso diverso (emprego/riqueza gerada) - mais impostos. Todos ganhariam, particulares, populações em geral e Estado.
No que se refere ao mar: as suas valências/mais-valias são inesgotáveis. Turismo, energia, plataforma continental, pescas, transportes - o cluster do mar -, desde construção/reparação de navios ao congelar de pescado, desde o fornecimento do combustível ao transporte de pessoas e bens entre continentes - existe tanto, mas tanto por explorar.
Uma reflexão sobre "clusters/fileiras de negócios", ideias e projectos nas mais diversas áreas, faz-nos atingir ideias brilhantes - as quais não podemos pôr em prática graças à burocracia, à elevada carga de impostos directos e indirectos, ao afogamento/estrangulamento lento da nossa economia, do nosso país.
Em jeito de conclusão - afinal não é impossível encontrar uma solução para os problemas, desde que cada um de nós se empenhe na busca da solução e na execução da mesma e que os governantes assumam as suas responsabilidades (deixando-se de actuar vislumbrando os interesses dos partidos e passando a actuar em proveito dos cidadãos), criando as condições necessárias à execução de projectos, evitando as burocracias e legislando de forma adequada e tendente às soluções e não aos problemas. "Pois problemas todos temos, nós queremos e temos de trabalhar é para as soluções."
Aproveitem os censos 2011 e perguntem às pessoas quais as perspectivas de vida e onde querem estar daqui a 20 ou 30 anos. Advogada