Convenção contra as bombas de fragmentação foi ratificada por 38 países e já está em vigor
Tratado pretende banir as bombas de fragmentação mas não foi adoptado pelos principais fabricantes
É um "triunfo dos valores humanitários sobre uma arma cruel", considerou Thomas Nash, da Coligação contra as Munições de Fragmentação, no dia em que entrou em vigor a convenção que proíbe o uso destas bombas, ratificada por 38 países. Mas de fora ficaram os Estados Unidos, a China ou a Rússia.
A Convenção contra as Bombas de Fragmentação tinha sido assinada por 107 países em Dezembro de 2008, em Oslo, mas só agora entrou em vigor. Os países que a ratificaram comprometem-se a não produzir ou armazenar estas munições e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou que foi dado "um grande passo" para acabar com estar "armas ignóbeis".
Desde 1965, as armas de fragmentação já causaram a morte ou ferimentos em mais de 100 mil pessoas e um terço delas eram crianças. São bombas com minibombas lá dentro, que ficam espalhadas no chão e podem explodir muitos anos depois de terem sido lançadas. Começaram a ser usadas durante a II Guerra Mundial, foram lançadas durante o conflito no Vietname, Israel atirou-as sobre o Líbano na guerra de 2006 e também a Rússia as usou no conflito com a Geórgia, em 2008. Também foram usadas nas guerras do Golfo Pérsico e dos Balcãs.
Os Estados Unidos, que são o principal fabricante e têm um stock estimado em 800 milhões de bombas, não assinaram a convenção, apesar de terem anunciado que irão banir estas armas a partir de 2018. Desconhece-se qual é a quantidade deste armamento detida pela China ou pela Rússia, que não assinaram o tratado, e o mesmo acontece com Israel.
Thomas Nash, em nome da coligação que junta mais de 300 organizações não-governamentais, apelou a estes países para que "assinem sem demora o tratado". Dos 29 países- membros da NATO, apenas 22 ratificaram a convenção, entre eles o Reino Unido, França e Alemanha.
"Esperemos que a entrada em vigor da convenção tenha também efeitos práticos nos países que ainda não aderiram", disse à AFP Jakob Kellenberger, presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha.
Este tratado resultou também da intensificação da campanha contra as armas de fragmentação, sobretudo desde que foram usadas na guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah, em 2006. Quatro milhões de munições foram lançadas no Sul do Líbano só nas últimas 72 horas do conflito. Segundo a ONU, pelo menos um milhão ficou por explodir.