Canino

A segunda longa-metragem do grego Yorgos Lanthimos venceu Un Certain Regard em Cannes 2009 e tem vindo a acumular prémios um pouco por todo o mundo, entre os quais o grande prémio do Festival do Estoril. É um "jeu de massacre" formalista e glacial que cruza a crueldade desconfortável de Michael Haneke (ou do "Home" de Ursula Meier) com o isolamento da "Vila" de M. Night Shyamalan no seu olhar surrealista sobre o núcleo familiar. O pai, gestor numa fábrica, é o único laço com o mundo deste clã que vive numa casa isolada no meio do nada, e cujos três filhos, que já há muito passaram a adolescência, nunca sairam dos terrenos, tendo sido inteiramente educados pelos pais e mantidos à parte de quaisquer influências externas. Lanthimos nunca nos explica os motivos ou a lógica desta experiência educativa radical, desenhada de modo tão vago que cada espectador poderá projectar nela a metáfora que bem entender. Independentemente de se gostar ou não de "Canino", inegável é o talento e a inteligência do realizador, visível no modo como encena meticulosamente cada momento, cada plano, cada corte para criar exactamente o efeito que pretende, com uma segurança quase ofensiva no modo como tudo está no sítio certo.

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