Accionistas dão seis meses a Vaz Guedes para decidir futuro da Privado Holding
No final dos trabalhos da assembleia geral, o presidente do Conselho de Administração da Privado Holding, Diogo Vaz Guedes, revelou em conferência de imprensa que o ponto 13 em debate no encontro, que previa ou a dissolução ou o aumento de capital ou a redução do capital da sociedade, só será alvo de uma decisão por parte da gestão dentro dos próximos seis meses.
Ainda assim, Vaz Guedes frisou que “o grande objectivo da administração é valorizar os activos da Privado Holding e criar valor para os accionistas”, esclarecendo que foi a própria gestão a apresentar o prazo de seis meses para serem analisadas as melhores opções para o futuro do grupo.
De resto, o relatório de gestão e as contas individuais de 2009 - a Privado Holding teve um prejuízo de 2,6 milhões de euros e apresentava em Dezembro uma situação líquida positiva acima de 20 milhões de euros - foram aprovadas pelos accionistas por unanimidade e a administração de Vaz Guedes recebeu um voto de louvor dos investidores.
Da reunião não saiu qualquer decisão sobre o avanço para os tribunais da Privado Holding, nem contra a anterior administração, nem contra o Estado e o Banco de Portugal, ainda que todas as possibilidades permaneçam em aberto.
“Ainda não há conclusões da investigação do Ministério Público, pelo que aguardamos com expectativa a evolução do processo em curso”, disse Vaz Guedes.
“Já em tempos tentámos ser assistentes no processo do BPP, mas a nossa presença foi considerada dispensável”, sublinhou.
Vaz Guedes disse ainda que a administração que lidera vai “promover todas as iniciativas para proteger os seus activos, inclusive, avançar com processos contra várias entidades”, sem querer especificar nem quando, nem contra quem.
“Iremos com certeza apresentá-los [processos criminais] brevemente. Fomos amputados do nosso principal activo [Banco Privado Português (BPP)], pelo qual lutámos um ano e meio, não tendo sido possível viabilizá-lo”, frisou o presidente da Privado Holding.
Quanto ao futuro do grupo, Vaz Guedes disse que quer valorizar as participações financeiras (Kendall, Kendall 2 e Privado Financeiras são as principais), referiu que “os activos imobiliários têm muito potencial de valorização” e que, no que toca à colecção de arte Ellipse - na qual foram investidos 47 milhões de euros -, revelou que “a expectativa é que, a prazo, a colecção possa apreciar para valores mais atractivos”.
Já quanto aos activos da Privado Holding que entram como contra garantias para o aval estatal dado aos empréstimos de 450 milhões de euros concedido ao BPP, Vaz Guedes diz que os penhores de activos “são nulos” e que “foram dados indevidamente como contra garantia”.
“O BPP é uma coisa, a Privado Holding é outra”, sublinhou, dizendo que “já foi pedida a nulidade nos tribunais administrativos e cíveis”.