Três espiões russos terão confessado identidades falsas
Um dos suspeitos, Juan Lazaro, declarou que colaborava de facto para os serviços de informação russos, admitindo ainda que tinha falsificado a sua nacionalidade (uruguaio). Recusou-se, no entanto, a revelar a verdadeira identidade, segundo o Ministério Público (MP).
Os outros dois, Michael Zottoli e Patricia Mills, um casal que vivia em Arlington, Virgínia, com os seus dois filhos, terão confessado os seus nomes verdadeiros: Mikhail Kotzik e Natalia Pereverzeva.
Juan Lazaro vivia com a mulher, outra das acusadas de conspirar para obter informações não-confidenciais sobre os EUA, Vicky Pelaez, e o filho em Nova Jérsia. Pelaez, peruana e colunista do jornal "El Diario", é a única dos dez detidos que poderão sair da cadeia e aguardar julgamento em prisão domiciliária - mas, como vai ser sujeita a vigilância electrónica, sairá da prisão apenas na próxima semana.
O advogado do Ministério Público, Michael Fabiarz, recomendou que os acusados não fossem libertados, lembrando que até as pessoas mais próximas dos suspeitos, como os filhos, desconheciam as suas actividades. No caso de Lazaro, "mesmo que ele adore o filho, não iria violar a sua lealdade ao "serviço", nem pelo seu filho", segundo a acusação no tribunal federal de Manhattan na quinta-feira à noite, onde foram ouvidos Pelaez e outro casal acusado, Richard e Cynthia Murphy.
O casal Murphy vivia uma vida aparentemente pacata em Yonkers, estado de Nova Iorque - ele ficava em casa com os filhos, ela trabalhava num banco em Nova Iorque. Mas vão aguardar julgamento em detenção. "Simplesmente não sabemos quem são estas pessoas", disse o tribunal.
A acusação diz ter provas da troca de mais de cem mensagens com superiores russos. Na casa dos Murphy foram encontrados dez mil dólares num cofre, e um bilhete de comboio de Itália num outro nome (a acusação diz que Murphy viajava com um passaporte falso irlandês).
Aos dez suspeitos acusados de tentarem estabelecer uma rede de obtenção de informações nos EUA junta-se um décimo primeiro, que tinha sido detido em Chipre e fugiu após ter sido libertado sob fiança.
Outra alegada agente, Anna Chapman, de 28 anos, fez correr rios de tinta na imprensa com o seu cabelo ruivo e as fotografias no seu perfil no Facebook, desde aquela em que aparece com um corpete azul em pose provocante, até outras em que parece simplesmente uma jovem turista no Big Ben, em Londres, ou sorrindo para a câmara em Nova Iorque, com a Estátua da Liberdade ou os anúncios de Times Square em fundo.
Sabe-se que o pai de Chapman trabalha no Ministério russo dos Negócios Estrangeiros e terá sido agente do KGB. O apelido da acusada vem do britânico com quem foi casada enquanto viveu em Londres, antes de se divorciar e de se mudar para os Estados Unidos, onde morava num apartamento na zona financeira de Nova Iorque. Anna trabalhava numa agência imobiliária, o que lhe permitia ter contacto com muitas pessoas, uma vantagem quando tentava ter acesso à alta sociedade nova-iorquina.
Em Boston, a audiência de outros dois acusados, Donald Heathfield e a sua mulher, foi adiada. Mas o seu advogado disse que as provas contra os seus clientes eram "frágeis": "Basicamente sugerem que eles se infiltraram em bairros, cocktails e na associação nacional de pais", ironizou.
Numa visita à Ucrânia, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, garantiu que o país está "empenhado na construção de uma relação nova e positiva com a Rússia". "