Fim anunciado do jornal 24 Horas, mas a direcção e a redacção ainda não foram oficialmente informadas
Mudança para outros títulos da Controlinveste pode ser a solução para alguns dos cerca de 50 trabalhadores
O fim anunciado do 24 Horas pode colocar em causa alguns dos postos trabalho dos cerca de 50 jornalistas e gráficos que trabalham para o título da Controlinveste.
O PÚBLICO sabe que alguns dos trabalhadores do jornal já foram contactados no sentido de apurar se estariam disponíveis para integrar outros títulos da Controlinveste, que detém ainda o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, para além da rádio TSF e ainda uma participação na Sport TV. Mas nem todos os jornalistas foram contactados nesse sentido. E outros já sabem que não terão esse convite.
Certo é que ainda não houve uma comunicação oficial do encerramento do jornal quer à equipa, quer à direcção.
Nuno Azinheira, director do jornal desde Agosto do ano passado, cargo que acumulava com a edição da revista de televisão do DN e JN, a Notícias TV, foi contactado ontem pelo PÚBLICO, mas não quis fazer qualquer declaração.
Antes de Nuno Azinheira, o jornal de cariz marcadamente popular, que tinha assumido um formato mais próximo da revista desde Abril de 2009, foi dirigido pelo jornalista Pedro Tadeu, que esteve no lugar durante seis anos.
Lançado há 12 anos, em Maio de 1998, pelas mãos de José Rocha Vieira, também fundador do Tal e Qual, o jornal conheceu como directores nomes como Alexandre Pais, actual director do diário desportivo Record, e chegou a bater-se nos números de venda em banca taco a taco com os diários de referência.
Contudo, os últimos dados da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens falam por si em relação ao desfecho que agora se avizinha: se em Fevereiro de 2009 o 24 Horas tinha uma circulação paga de 33.814 exemplares, em Fevereiro deste ano tinha já menos de metade (16.435), arriscando-se a ser a primeira vítima da recente crise da imprensa nos media portugueses e o primeiro a fechar depois do encerramento, em 2005, de A Capital e de O Comércio do Porto. O jornal esteve no centro das atenções em 2006, no âmbito do caso que ficou conhecido como "Envelope 9", referente ao processo do caso da Casa Pia. A 15 de Fevereiro de 2006 Ministério Público e Polícia Judiciária invadiram a redacção do 24 Horas e apreenderam computadores dos jornalistas que investigavam o caso do envelope associado ao processo que continha registos detalhados de chamadas telefónicas de mais de duas centenas de personalidades da vida pública portuguesa e titulares de órgãos de soberania, incluindo do Presidente da República de então, Jorge Sampaio.