Bruce Nauman num contentor em Lisboa

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Bruce Nauman vai estar dentro dos contentores a 17 de Junho Toby Melville/Reuters

O escultor, fotógrafo e performer norte-americano Bruce Nauman é a principal atracção de uma programação de peso pensada para a inauguração de um singular espaço de exposições em Lisboa, no próximo dia 17 de Junho. Mas ninguém vai vê-lo, a não ser a artista plástica Luísa Cunha, que com ele criou "Uma performance e uma conversa".

Ninguém vai vê-lo porque a performance (um "work-in-progress" iniciado a 20 de Março) implica que, quando chegar ao aeroporto de Lisboa, Nauman seja metido num contentor e transportado sem que ninguém o veja para o tal espaço singular nas Docas de Lisboa - quatro outros contentores restaurados, pintados de cinzento e colocados sob a grande pala que existe há vários anos debaixo da Ponte 25 de Abril, pela Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico P28. E isto é só o começo.

As exposições vão suceder-se até ao fim do ano e todas dentro ou fora dos contentores. Depois de Luísa Cunha, que também convida o artista Fernando Ribeiro (17 de Junho a 17 de Julho), haverá a dupla de designers R2 Design, Lizá Defossez Ramalho e Artur Rebelo (24 de Julho a 28 de Agosto), Susanne Themlitz (2 de Setembro a 2 de Outubro), Pedro Cabrita Reis (14 de Outubro a 31 de Outubro) e, para terminar, José Pedro Croft (12 de Novembro a 31 de Dezembro).

"Os contentores, além de serem um suporte artístico alternativo, são por si um objecto artístico, pela forma como foram colocados", realça Bruno Malveira, responsável da comunicação da P28. Como suporte para os projectos dos artistas, os contentores serão o que estes quiserem. Na maioria dos casos, será na parte exterior dos contentores que os artistas vão desenvolver os seus projectos. Na performance de inauguração, Luísa Cunha e Bruce Nauman estarão dentro, mas será preciso estar fora para perceber como vai desenrolar-se a conversa lá dentro.

A ideia da Associação P28 é promover a arte pública, apostar num serviço cultural gratuito e fazer chegar a arte ao maior número de pessoas possível, promovendo o cruzamento, e mesmo a justaposição, dos espaços da cidade onde as pessoas se movem e dos espaços artísticos, para que o público se aproxime dos criadores de forma inesperada e natural. E, para fazer do espaço de arte também um espaço de passeio e lazer, ao lado dos contentores serão colocados os jardins redondos de oliveiras que até aqui têm estado junto à Praça do Comércio. O projecto dos contentores, que foram cedidos por uma empresa, teve o apoio da Administração do Porto de Lisboa e da Câmara Municipal de Lisboa, servindo também para dinamizar uma zona da cidade pouco utilizada, diz Bruno Malveira, e para continuar a ideia de reabilitação subjacente a muito do trabalho da P28.

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