Não é um museu convencional, já que não tem colecção própria; também não é apenas um centro para exposições temporárias - ambiciona ser mais do que isso. O novo Pompidou-Metz, ontem oficialmente inaugurado pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy, quer ser para esta cidade francesa a leste de Paris (80 minutos, de TGV) o que o Museu Guggenheim foi para Bilbau.
"O que aqui se joga não é mais nem menos do que o renascimento da Lorena", disse na inauguração o Presidente francês, à frente de uma embaixada de centenas de convidados que viajaram de Paris e praticamente lotaram a capacidade do novo e desconcertante edifício projectado pela dupla de arquitectos Shigeru Ban, japonês, e Jean de Gastines, francês.
Do que Sarkozy, citado pela agência AFP, estava a falar era do projecto mais amplo de modernização da capital da Lorena, uma cidade de 130 mil habitantes, deprimida e algo abandonada à sua imagem de velha praça militar (na fronteira com a Alemanha e o Luxemburgo) e de centro industrial que já viveu melhores dias.
Agora, com o seu novo Pompidou - na que é a primeira "antena" na província de uma grande instituição cultural parisiense -, Metz começa a ver concretizado um puzzle de renovação urbanística numa área de 50 hectares que incluirá um centro de congressos e uma mediateca, além de novos espaços habitacionais e comerciais, num plano genericamente gizado pelo arquitecto-urbanista Nicolas Michelin.
Por agora, o que chama mesmo a atenção no lugar é a arquitectura do Centro Pompidou-Metz: uma estrutura em "mikado" formada por três "caixas de sapatos" sobrepostas, suportadas por três pilares e cobertas por uma membrana que Shigeru Ban disse ter sido inspirada por um "chapéu de chinês" - e que o jornalista do Libération, Vincent Noce, associou a "uma casa dos Estrumfes", as personagens do ilustrador Pierre Culliford.
Cem a 120 mil visitantesNo conjunto, o edifício tem uma área de 10 mil metros quadrados, metade destinados a exposições. Inclui dois auditórios, com 196 e 144 lugares cada. A construção, projectada há uma década e iniciada há três anos, custou 72,5 milhões de euros. A expectativa dos responsáveis (o director é Laurent Le Bon) é que o museu atraia anualmente à capital da Lorena entre 100 mil e 200 mil visitantes.
A exposição inaugural tem por título Obras-primas?, e reúne 780 obras dos principais nomes da arte moderna e contemporânea desde o início do século XX, empréstimos tanto da casa--mãe parisiense como dos museus do Louvre, Quai Branlay e Versalhes.
Braque, Malevitch, Chagall, Léger, Brancusi, Kandinsky, Picasso, Ernst, Pollock, Giacometti e Dubuffet são alguns dos nomes representados na exposição que Vincent Noce classifica como "a Primavera de Metz, que convida a uma bem-humorada revolta contra todos os 'ismos'".