Viagem pela terra do nada

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Para o mais urbano dos turistas, a Mongólia pouco tem para oferecer. Tem "apenas" a infinita hospitalidade do seu povo, a vastidão das pradarias amareladas e selvagens, o desconforto das dormidas em gers tradicionais, a hostilidade do deserto de Gobi e muito, muito nada. Ainda assim (ou talvez por isso), há intrépidos viajantes que dispensam as comodidades dos tempos modernos e consideram o interior da Mongólia como um dos mais fascinantes destinos da actualidade. É essa a opinião de Filipe Morato Gomes (texto e fotos)

Não tem praias idílicas nem cidades cosmopolitas, não é um paraíso de compras nem um deleite gastronómico, não exibe arquitectura sofisticada nem museus de excelência. A Mongólia não tem nada disso e, no entanto, é porventura um dos mais atractivos destinos da actualidade. Porquê? É desolador mas atraente, duro mas compensador, desconfortável mas viciante.

Alguns dirão que há poucas razões que justifiquem uma deslocação a tão longínquo destino; que a Mongólia é um país imenso mas sem gente, que não há estradas de alcatrão, por vezes nem de terra, quase sempre nem estradas; que o chão de um ger - a tradicional tenda circular mongol - é duro e desconfortável; que praticamente não há hotéis dignos desse nome, exceptuando em Ulan Bator e em duas ou três outras cidades; que ninguém fala inglês e muito menos português; que o terreno é estéril e o povo pobre, ao ponto de os camelos serem o seu bem mais precioso; que a gastronomia é sensaborona; que é demasiado longe para tão pouco. Para outros, é precisamente tudo isso que os atrai à Mongólia, fazendo da pátria de Gengis Khan um destino de viagens fascinante, de descoberta e enriquecimento pessoal, pela sua imensa autenticidade num mundo cada vez mais padronizado.

E que melhor forma de conhecer a Mongólia do que viver por alguns dias com famílias mongóis, viajar como nómadas dos tempos modernos ao volante de uma carrinha russa de tracção total, de planalto em planalto, de ger em ger, de sorriso em sorriso? A Mongólia é assim, um país de horizontes amplos, de desertos, estepes e montanhas escassamente povoadas, de espaços vazios, de ausências, terra de um imenso quase nada à espera de ser descoberta. Sain bainu, viajantes!

Rumo ao deserto de Gobi

"Filipe , temos um problema de última hora, vamos ter que mudar de condutor. Vais partir com o Nêma", disse-me Kim, típico self-made men sul-coreano que gere dezenas de carrinhas, jeeps e motoristas ansiosos por levar turistas para o interior da Mongólia, horas antes da partida. Rejubilei. Era a terceira vez que visitava a Mongólia e sempre o meu caminho se havia cruzado com Nêma. Da primeira, conduziu-me durante uma vintena de dias pelas estradas inexistentes do interior do país, do deserto de Gobi, a Sul, até ao lago Hovsgol, a Norte, juntamente com outros cinco companheiros de ocasião; da segunda, quatro anos depois, encontrei-o por acaso entre os vestígios de dinossauros de Bayanzag e um forte abraço celebrou um inesperado reencontro. Sabia, pois, da sua competência ao volante e aptidão para resolver problemas mecânicos - e eles acontecem sempre - e já havia convivido com o seu apurado sentido de humor. Mais: Nêma sempre manteve uma apreciável distância das garrafas de vodka, num país onde o alcoolismo é um problema de saúde de proporções inimagináveis, principalmente entre os homens. Rejubilei. A viagem de duas semanas pela Mongólia profunda não poderia começar de forma mais auspiciosa.

Manhã cedo, o abraço repetiu-se. Com a carrinha abastecida de víveres para os próximos dias - enlatados diversos, pão e compotas, fruta e massas, café e leite em pó, detergentes e papel higiénico e, em especial, uma apreciável quantidade de água -, saímos de Ulan Bator em direcção a Baga Gazrim Chulee, a primeira paragem no trajecto rumo ao remoto e esparsamente populado deserto de Gobi.

Nos arredores de Ulan Bator, os edifícios em altura iam dando lugar a enormes bairros de gers e casas coloridas, protegidas por cercas de madeira desordenadas. A estrada era por enquanto de asfalto, e assim se manteve por vários quilómetros, até que, pouco depois de circundarmos uma ponte caída fruto de uma intempérie recente, Nêma saiu da estrada e virou à esquerda, entrando num pequeno trilho de terra batida onde nos cruzámos com uma manada de vacas. Daí para a frente, os bovinos dariam lugar às aves de rapina, aos iaques, aos camelos e às cabras de montanha. Quando me instalei no primeiro ger da viagem, a aventura estava verdadeiramente a começar.

Sabia da existência de figuras rupestres na região de Baga Gazrim Chulee e, com o intuito de as conhecer, mostrei ao patriarca da família onde passara a noite uma fotografia com gravuras na pedra, enquanto, na universal linguagem corporal, encolhi os ombros, abri ambas as mãos com as palmas viradas ao céu e estiquei o sobrolho: "Onde?" O velho percebeu, fez um sinal indicando que era algo muito pequeno e soltou uma gargalhada. Acedeu, ainda assim, a mostrar-nos um exemplar das gravuras perdidas no planaltos da Mongólia central, não muito longe do vale onde a sua família se instalara. Entrou no carro e conduziu-nos pelo meio de pedras e pedregulhos sem trilhos marcados até dar ordem de paragem; saiu e apontou para uma pedra do tamanho de uma cabra deitada: as figuras rupestres estavam - e estavam mesmo! - ali gravadas. Tal como em muitas outras pedras semelhantes espalhadas pelo planalto, explicou.

Seguimos então em direcção a Luns, entreposto fundamental para reabastecimento de combustível, não sem antes contemplarmos as ruínas do imponente templo Sum Kokh Bund, localizado com perfeição numa ilha de um pequeno lago. Face à ausência de chuva, o lago dera temporariamente lugar a um verdejante campo de pastagens aproveitado por cavalos em hora de refeição. O lugar era deveras bonito, mas o ponto alto do dia estava guardado para a região montanhosa de Tsagaan Suvarga. Consta que há milhões de anos a área estava submersa no mar, facto que as marcas geológicas nas escarpas parecem confirmar. Lá em baixo, areias a perder de vista em tons de amarelo, laranja, salmão, vermelho, bege e branco conferiam à paisagem um toque especial. Desci rumo às areias onduladas, deixando-me rodear por uma paleta de cores inacreditável. Estávamos já a curta distância de nenhures, o local onde viviam os anfitriões dessa noite. O sol aproximava-se furiosamente do horizonte quando me sentei num tosco alpendre de madeira construído perto dos gers. Alaranjou-se, tornou-se violeta, desapareceu. O momento pedia a abertura de uma garrafa de vodka.

Naadam em Tsogt

O dia clareara há pouco quando Nêma me comunicou o que acabara de saber: em Tsogt Ovoo, uma localidade não demasiado distante, começava nessa tarde o festival Naadam, excepcionalmente fora das datas oficiais há muito ultrapassadas. Mudei a rota e rumei a Tsogt. À volta de um descampado com o tamanho de um pequeno campo de futebol, as mulheres estavam impecavelmente trajadas com vestidos de cerimónia de cores garridas e seda brilhante, empoleiradas em saltos altos que pareciam saídos de um outro mundo, passeando sombrinhas abertas para se protegerem da inclemência do sol. Os homens esmeravam-se nos cintos e chapéus e na limpeza dos seus melhores deel, a roupa tradicional dos nómadas mongóis. Havia uma bancada coberta para as personalidades da terra no topo, vendedores de comes e bebes, e muitos curiosos que iam chegando a cavalo.

O ambiente era o de uma feira popular. Decorriam corridas de cavalo com jóqueis de apenas quatro ou cinco anos de idade que tinham de percorrer 30 quilómetros pelos planaltos envolventes; havia um competitivo jogo tradicional no qual homens lançavam com o dedo médio um pequeno objecto quadrangular contra peças tipo dominó colocadas num fundo de madeira; havia competição de arqueiros; havia festa e animação; e havia a mais aguardada de todas as competições: o wrestling. Os lutadores eram apresentados com grande pompa por um megafone rouco e estridente - eram as grandes atracções do evento. Os melhores beneficiam de grande prestígio na comunidade. Recolhiam entusiásticos aplausos quando, no fim de cada vitória, abriam os braços e rodopiavam em círculo para a bancada VIP, como falcões a pairar nos céus, agradecendo a honra da participação no combate.

Seguiu-se Dalanzadgad, a maior cidade implantada no deserto de Gobi e virtualmente o único local da região onde, com alguma sorte, se encontram legumes e fruta frescos. Não muitos, é certo, mas ainda assim os suficientes para conferir variedade à ementa gastronómica e poder responder afirmativamente quando o palato clama por descanso do sabor a carneiro. O mercado de Dalanzadgad é um lugar fascinante que fervilha de vida, ao ar livre, rodeado de pequenas mercearias de bairro e onde vale a pena deixar-se ficar.

Prosseguimos então por estradas pouco dignas desse nome até Yolin An (o Vale do Gelo), um vale assombroso onde é possível fazer caminhadas ao longo do que no Inverno é o leito de um rio, observar animais selvagens ou, simplesmente, contemplar a paisagem. A envolvência mudara radicalmente, mas não haveria de demorar até estarmos de novo em ambientes desérticos, à medida que as areias avermelhadas de Bayanzag e os seus famosos vestígios de dinossauros se aproximavam.

Do Gobi ao lago Branco

Uma família instalada no sopé das dunas de Khongoryn - bem longe dos pretensiosos tourist camps da região -, deu-me as boas-vindas debaixo de uma forte e improvável chuvada em pleno deserto de Gobi. Crianças vendiam pequenas peças de artesanato em lã de ovelha. Havia camelos para quem quisesse conhecer as dunas no dorso das resistentes criaturas. No alto das dunas, a vista é deslumbrante: de um lado, uma estreita língua de dunas estende-se ao longo de incontáveis quilómetros; do outro, em cujo solo os gers estão instalados, uma espécie de oásis esverdeia de forma ligeira o amarelo dominante da paisagem. É um lugar único, Khongoryn, e um dos poucos omnipresentes nas excursões organizadas que visitam o Gobi. Para mim, era também o ponto a partir do qual o Sul ficaria pelas costas.

No dia seguinte, uma longuíssima jornada levou-me a Arvaikheer através da região montanhosa de Arts Bogdyn e da minúscula povoação de Guchin Us. Não sendo a mais bela cidade da Mongólia - esse título está seguramente atribuído a Tsertseleg -, Arvaikheer possui, ainda assim, um mosteiro verdadeiramente inspirador, onde monges budistas acolhem os visitantes com lendária hospitalidade e malgas de leite fermentado cuja degustação requer bastante habituação a um estômago ocidental. Há ainda uma rústica e popular rua comercial onde se vende de tudo um pouco, ao som de tradicional música mongol que emana de colunas estrategicamente colocadas nos postes de electricidade. Estava de novo no centro geográfico da Mongólia, a curta distância do verdejante vale de Orkhon, para onde me dirigi de seguida, via Bat-Olziy e a sua nascente de água quente.

Estava consumada a total mudança na paisagem. Os verdes tomaram conta da matiz que observava da janela da carrinha, os iaques substituíram os camelos, as árvores em vez da nudez das dunas, o som de uma cascata tomou o lugar do sopro contínuo do vento. É uma outra face da Mongólia, bem diferente do extremo sul do país, próximo da China, de onde saíra. Apenas a calma continuava a ser total, num dia em que as tarefas domésticas em volta do ger consistiam em partir lenha e ordenhar os iaques, como em todos os outros dias.

A viagem continuou tendo a antiga capital de Kharkhorin como destino e, pela primeira vez entre todas as viagens que já fiz à Mongólia, as condições da estrada de terra permitiram-me conhecer o templo Tovhkon, estrategicamente localizado no topo de uma montanha. Para lá chegar, há que subir a encosta por entre uma floresta verdejante, tarefa que requer alguma vontade. Peregrinos de todas as idades vinham fazer as suas preces, ultrapassando o esforço da subida recorrendo a burros feitos táxi. Assim que cheguei ao mosteiro, bem lá no topo, após uma última subida por uma escadaria de pedra íngreme e escorregadia, jovens monges encontravam-se reunidos no edifício principal, entoando os habituais cânticos matinais que absorvi em silêncio. Deixei-me ficar, recatado, do lado de fora, bebendo a serenidade, sem interferir nas orações; o esforço tinha compensado. Já em Kharkorin, haveria também de visitar o importantíssimo mosteiro de Erdene Zuu, mas o mesmo não causou a impressão de Tovhkon. Voltei, isso sim, a deleitar-me com o mercado local, com especial interesse nas mesas de bilhar ao ar livre, nos vendedores de queijos e, especialmente, no talho local, onde cabeças e estômagos de ovelha faziam as delícias das moscas da cidade.

Ao fim de dez dias de viagem, cheguei por fim a Tsertseleg, a mais atractiva e fotogénica cidade de toda a Mongólia em termos urbanísticos, com direito a bairros ordenados, cores apelativas e até uma avenida ladeada por árvores. Para completar o puzzle dos deleites, Tsertseleg possui uma das mais acolhedoras guesthouses de todo o pais [ver "Onde ficar"] e um museu por muitos considerado o melhor da Mongólia. Para os últimos dias, tinha escolhido repousar no Terkhiin Tsagaan (Grande Lago Branco), localizado entre Tsertseleg e Morön, a porta de acesso à belíssima região do lago Hovsgol, no extremo norte do país, junto à fronteira com a Rússia, onde não iria por constrangimentos temporais. Até porque o lago Branco integra uma região belíssima de lagos e vulcões, ideal para trekkings e longas jornadas a cavalo em ambientes naturais - uma forma de terminar em beleza a viagem overland pela Mongólia rural.

Ulan Bator. Era já escuro quando cheguei à capital e decidi interromper a dieta de areia e carneiro e dar um salto ao café-bar-restaurante Grand Khan Irish Pub, um dos principais pontos de encontro de início de noite da cidade. Jovens mulheres mongóis, bonitas e exageradamente maquiadas, envergavam as mais curtas mini-saias que me recordo de ter visto. A cerveja jorrava sem parar para as mesas de homens mongóis e viajantes estrangeiros. Muitos expatriados a trabalhar na capital jantavam na esplanada. As pessoas falavam alto. Um grupo de música tocava sucessos internacionais em inglês ao canto do bar. Os olhares de uma mulher mongol sentada na mesa ao lado mostravam-se demasiado insinuantes para um desconhecido do sexo oposto como eu. Depois de duas semanas no país rural e profundo, a mente estava ainda na Mongólia mágica e simples, na Mongólia hospitaleira e dos sorrisos desinteressados que tinha ficado nas areias do deserto e nas pradarias de Orkhon. E essa é a minha Mongólia de eleição.Quando ir

Por razões climatéricas, talvez seja prudente evitar o rigoroso Inverno das estepes mongóis. Os meses de Julho, Agosto e Setembro, apesar de serem os mais chuvosos do ano, proporcionam sem dúvida um clima mais agradável, com temperaturas que no deserto de Gobi rondam os 30°C, de dia (as noites são frias, mesmo no Verão). O maior problema pode ser a dificuldade em atravessar alguns rios no interior do país mas, ainda assim, o Verão é a melhor época para uma viagem à Mongólia.

De resto, se o objectivo for assistir ao Festival Naadam, a mais importante manifestação popular mongol, deve reservar o mês de Julho para a viagem. O festival decorre de 11 a 13 de Julho, altura em que Ulan Bator fervilha de entusiasmo mas os preços aumentam.Como ir

Várias companhias aéreas voam de Portugal para Pequim via uma capital europeia como Frankfurt ou Paris; a partir da capital chinesa, a MIAT - Mongolian Airlines e a China Airlines voam para Ulan Bator. A viagem completa, com as duas escalas, pode demorar 24 horas e custar em torno de 1000 euros - por vezes mais -, dependendo da antecedência com que comprar o bilhete e da época do ano. Tenha em atenção que, pelo menos uma a duas vezes por semana, a China Airlines atrasa cerca de 12 horas a ligação entre Ulan Bator e Pequim (motivo oficial: "vento traseiro forte", mesmo que não sopre uma brisa em Ulan Bator), facto que o poderá levar a perder a ligação de regresso a Portugal. De resto, organizar uma viagem independente pela Mongólia é mais fácil do que parece à distância, assim o viajante tenha tempo e paciência para procurar em Ulan Bator companheiros de aventura com quem partilhar a carrinha e os custos do overland em direcção ao deserto de Gobi e Mongólia Central. Pousadas para mochileiros como a UB Guesthouse (www.ubguest.com), e os anúncios de parede do café Chez Bernard (www.chez-bernard.com) são excelentes pontos de partida. Em todo o caso, se preferir a segurança de viagens organizadas em pequenos grupos, a agência Nomad (www.nomad.pt) organiza uma viagem anual Exploração da Mongólia, com 18 dias de duração, líder português e preço fixado em 1580?, voos excluídos; e a Papa-Léguas (www.papa-leguas.com) tem no seu portfolio uma viagem à Mongólia denominada O País dos Nómadas, com 13 dias de duração, ao preço de 1550?, igualmente sem voos, mas com a possibilidade de incluir na viagem o Festival Nadaam.Onde dormir

A hotelaria em Ulan Bator pode facilmente ser a única coisa cara com que se vai deparar ao longo da estadia na Mongólia, podendo pagar 100 dólares por um quarto de um velho hotel ao estilo soviético. Algumas sugestões para evitar tal desbaste orçamental incluem hostels como o Khongor Hostel, o Zaya"s Hostel, o Golden Gobi (www.goldengobi.com) ou a UB Guesthouse (www.ubguest.com), caso se enquadre no ambiente. Num segmento intermédio, o Dream Hotel oferece uma relação aceitável entre a qualidade e o preço e, ao contrário de outros hotéis em Ulan Bator, costuma honrar as reservas efectuadas.

De resto, em todo o país há uma regra de ouro a seguir: evite os chamados tourist camps, estruturas que incluem tendas pretensiosamente luxuosas, sem carácter e com preços estapafúrdios. Fica muito mais bem servido dormindo em tendas de famílias das redondezas, pagando um décimo do valor (ou menos). Uma excepção às tendas recomenda-se em Tsertseleg. Se por lá passar, é quase obrigatório descansar na Fairfield Guesthouse (www.fairfieldmongolia.co.uk) - ao fim de uns dias de solavancos e areia, vai agradecer a mudança. Em Arvaikheer, se estiver cansado de gers, o Time Hotel é uma opção razoável.

Gastronomia

Com uma dieta quase exclusivamente à base de carne de carneiro, a Mongólia é um destino pouco amigável para os viajantes vegetarianos. Caso planeie viajar para o interior do país, abasteça-se de víveres essenciais em Ulan Bator, antes de partir. Na sua lista de compras devem constar itens como pão, chá ou leite em pó, café, bolachas, frutas e vegetais (nem que seja enlatados), massas, arroz e o que lhe agradar e seja resistente ao calor e... muita água. Calcule 3 litros por pessoa por dia para o Deserto de Gobi no Verão: 1,5 litros nas restantes situações. Há mercados, mercearias e supermercados - Dalanzadgad, Karkhorin, Arvaikher, Tsertseleg - onde é possível reabastecer-se de água, pão, massas e arroz, mas a oferta de frutas e vegetais é quase sempre escassa. Não deixe, ainda assim, de provar a comida que lhe oferecem nos gers, pode até dar-se o caso de se surpreender pela positiva. E, tendo oportunidade, experimente manteiga de iaque feita de forma artesanal. No regresso a Ulan Bator, caso sinta falta de sabores e ambientes ocidentalizados, sugerem-se os referidos café Chez Bernard (www.chez-bernard.com) para sanduíches, sumos e refeições ligeiras saborosas mas caras, ou o festivo Grand Khan Irish Pub, que mistura locais, turistas e expatriados num ambiente descontraído, para jantar.

Dinheiro

A Mongólia é um país com um custo de vida muito baixo, especialmente fora da capital. Pode facilmente almoçar por 1? ou menos e uma dormida num ger familiar custa cerca de 2?, jantar incluído. Em Ulan Bator, porém, alojamento e refeições podem ser dispendiosos, especialmente se optar por ementas ocidentalizadas. Até há poucos anos, o dólar norte-americano era a moeda mais aconselhada para transportar e cambiar localmente, mas nos dias de hoje as casas de câmbio aceitam notas de euros (a taxa de câmbio é mais favorável na capital). Há ATM em Ulan Bator. Um euro equivale a cerca de 1500 tugriks. Vistos

Os cidadãos portugueses necessitam de visto para entrar na Mongólia. Oficialmente, se reside num país sem embaixada da Mongólia, como é o caso de Portugal, está autorizado a obter o visto à chegada ao aeroporto internacional de Ulan Bator - procedimento a que já assistimos ser concretizado sem problema (leve dólares e fotografias tipo passe). No entanto, por segurança, aconselha-se a tratar com antecedência da obtenção do visto de entrada na Mongólia através da sua embaixada em Paris. O procedimento demora, regra geral, duas semanas e custa cerca de 140?, contando com o transporte, taxas e o visto propriamente dito. Deve ser tratado através de uma agência de vistos como a Visas Express (www.visas-express.fr), uma vez que a Embaixada da Mongólia em Paris não costuma aceitar pedidos de visto por correio.Em algumas cidades do interior da Mongólia, existe a possibilidade de se alojar em gers instalados junto à casa principal da família, no interior das cercas que habitualmente delimitam o seu terreno. Apesar de a experiência ser aconselhável (por oposição a hotéis de qualidade duvidosa), as condições são quase tão básicas como nas estepes, excepção feita à facilidade de acesso a bens e serviços citadinos como restaurantes, supermercados e... os banhos públicos. E como sabe bem um banho de água quente após alguns dias no deserto! Os banhos custam, regra geral, 1500 Tugrik, sendo aconselhável que leve tudo o que pretende utilizar (toalhas, champôs, etc). Os banhos públicos estão à disposição dos viajantes em cidades como Dalanzadgad, Arvaikheer e Kharkhorin. Uma boa parte da população "urbana" ainda utiliza os banhos públicos para a sua higiene quotidiana. Os viajantes também!

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