Casa agrícola investe 14 milhões e duplica produção
Nos próximos três anos a Casa Agrícola Cortez Lobão quer plantar meio milhão de oliveiras na Herdade de Maria da Guarda, em Serpa, e tem planos de investimento que totalizam os 14 milhões de euros. O objectivo é chegar a 2013 e produzir entre 1,1 e 1,3 milhões de quilos de azeite por ano, sobretudo para venda a granel.
João Cortez Lobão, de 47 anos, deixou o cargo de administrador do Millennium Fundos de Investimento para travar a venda da herdade (na família desde o século XVIII) e em 2006 juntou-se a Francisco Mello e Castro e Carlos Martins para investir no olival. Até agora, aplicou seis milhões de euros na plantação de 500 mil oliveiras que, até ao final do ano, já estarão a produzir azeite. O montante, obtido na banca e através de capitais próprios, serviu ainda para construir duas barragens e todas as estruturas de rega.
"Numa segunda fase, para além da plantação de mais 500 mil oliveiras, vamos construir um lagar com capacidade de processar 250 toneladas por dia, sendo que dois terços são para clientes externos", explica. O ano passado a Casa Agrícola vendeu 250 toneladas de azeite, 70 por cento para o mercado interno. Lá fora, os principais clientes são a Espanha e a Itália. No final de 2010, a produção será de 350 a 450 toneladas. "É fácil vender no mercado internacional. O azeite é monovarietal e o cliente depois faz as misturas que pretende", disse.
Para além da venda a granel, a empresa está a testar uma marca própria (a Lagaretta), que apenas é comercializada em cinco lojas. "É um projecto para crescer, mas vai evoluir de forma mais lenta do que a produção de azeite", adianta. O empresário quer "relançar o optimismo no sector" e junta, hoje, cerca de 250 olivicultores para lembrar que Portugal já foi uma referência europeia na produção de azeite. "Nos anos sessenta, Portugal e as regiões espanholas da Andaluzia e Catalunha eram responsáveis pela maior parte do azeite que era produzido para o mercado internacional. Hoje o produto português vale 1,7 por cento da produção de toda a Europa. Espanha pesa 59 por cento", afirma. Aliás, o país vizinho ocupa o primeiro lugar no ranking mundial dos países produtores, diz a Casa do Azeite.
De acordo com esta associação, o consumo de azeite tem vindo a aumentar. No início da década de 90 o consumo per capita era de 3,3 quilos. Hoje atinge os sete quilos. O principal destino das exportações nacionais de azeite é o mercado brasileiro que "absorve cerca de 74 por cento do total".