Realizado por Fritz Lang e estreado em Berlim em 1927, "Metrópolis" foi um dos filmes mais aclamados da história do cinema. Quase com duas horas e meia de duração, foi visto na sua totalidade apenas por altura da estreia. As críticas e os lucros de bilheteira na Europa foram mornos e, por isso, a Paramount Pictures, o parceiro americano do estúdio alemão que produziu o filme, a UFA, retirou o filme de circulação e fez alguns cortes drásticos, resultando em menos uma hora de filme. Na altura, a Paramount justificou a decisão dizendo que a montagem de Lang era complicada de mais para o público americano. A versão original não voltou a ser vista e pensou-se que tinha sido irreversivelmente destruída.
Até 2008, altura em que a perseverança de Fernando Peña, arquivista de filmes argentino, foi recompensada. Há 20 anos que Peña ouvia falar na existência de uma cópia do filme no Museo del Cine de Buenos Aires, mas a burocracia impedia-o de chegar até ela. Há dois anos, conseguiu. E descobriu mais 25 minutos de filme até aqui desconhecidos.
A versão completa da obra-prima de Fritz Lang foi exibida em Fevereiro no Festival de Cinema de Berlim. Agora, o Film Forum, de Nova Iorque, vai voltar a mostrar "The Complete Metropolis", e a versão aumentada do filme vai mesmo ser editada em DVD, no final do ano, depois da projecção em várias salas dos EUA.
"Metrópolis" é o filme mudo mais icónico da sua época, principalmente pela ambição visual de Lang. Mas, até agora, não tínhamos a história completa. "Estes acrescentos são essenciais para a compreensão total da narrativa", disse ao "New York Times" Noah Isenberg, professor de cinema na The New School de Nova Iorque. As imagens são granuladas e, por isso, distinguem-se facilmente da versão restaurada em 2001, na qual foram inseridas. Algumas são cenas mínimas, de segundos, que ilustram as reacções das personagens e acentuam o seu estado de espírito. Mas também há planos de vários minutos que foram inteiramente cortados pela Paramount. Thin Man parece agora uma personagem muito mais sinistra, uma combinação de espião e detective. E o seu assistente pessoal, que desaparece numa das cenas iniciais, desempenha um papel muito maior.
Ainda é o mesmo filme? Não totalmente. "Já não é um filme de ficção científica. Agora é um filme que abrange muitos géneros, um épico sobre conflitos antiquíssimos", argumenta Martin Koerber, arquivista e historiador alemão que supervisionou os restauros de 2001 e 2008.