Metro do Porto: Rui Rio demite-se alegando que não está "disponível para ser enxovalhado"
"Nos últimos dias o meu nome apareceu na comunicação social como alguém que, enquanto administrador da Metro do Porto, tinha recebido salários a que não tinha direito", afirmou Rui Rio, em conferência de imprensa hoje, na Junta Metropolitana do Porto.
O presidente da Câmara do Porto garantiu que "para este enxovalho público" não está "disponível", tendo por isso anunciado que vai pedir a demissão de administrador não executivo da Metro do Porto. "Para mim basta", disse, acrescentando que "a imagem dada para a opinião pública é, mais uma vez, uma imagem de degradação moral e de oportunismo por parte de quem exerce cargos políticos".
Rui Rio recordou que reduziu "substancialmente e de moto próprio o vencimento [na Metro do Porto] que o representante do Governo fixou", tendo aceite "a demagogia de ter de trabalhar e assumir responsabilidades totalmente de graça".
"Estive ainda disponível para aceitar o absurdo de ter que pagar para trabalhar", acrescentou.O administrador demissionário da Metro do Porto considera que o Governo - através do Ministério das Finanças e da Inspecção-Geral das Finanças - "perdeu o sentido do ridículo".
"Entendeu que tudo isto era pouco e resolveu ordenar a devolução dos salários que o seu próprio representante tinha definido. Não contente com a atitude, resolveu dar disso notícia aos jornais", acusou o autarca numa declaração aos jornalistas.
Para Rio, "assumir responsabilidades de graça, ter de pagar para trabalhar, e ainda aparecer aos olhos da opinião pública como alguém que não teve um comportamento correcto, ultrapassa os limites da seriedade e da ética".
"Atitudes baixas como esta não contribuem para a dignificação do serviço público, e só ajudam a descredibilizar ainda mais a pequenina classe política que vamos tendo", condenou.
A empresa Metro do Porto, SA, contactada pela Lusa, afirmou não ter qualquer comentário a fazer sobre esta matéria.
Vários autarcas que acumulam a função de administradores não executivos da Metro do Porto terão que repor os salários recebidos desde 1 de Janeiro de 2007.
Os autarcas que terão que devolver os salários auferidos são, para além de Rui Rio, Marco António Costa (Gaia), Mário de Almeida (Vila do Conde) e Valentim Loureiro (Gondomar).
A Junta Metropolitana do Porto, em conferência de imprensa, garantiu quarta-feira que os autarcas com cargos na Metro do Porto "não cometeram nenhuma ilegalidade", considerando a decisão do Ministério das Finanças relativa à devolução das remunerações "um ataque indiscriminado e totalmente injustificado".
A Associação Nacional de Municípios Portugueses incitou, também quarta-feira, o "órgão competente da administração central" a esclarecer "cabal e factualmente" a questão dos vencimentos dos autarcas na sequência da polémica em torno do Metro do Porto.
Notícia actualizada às 18h29