Transformar o aeroporto de Beja em "garagem" de aviões alternativa à Portela é hipótese
"É um imperativo aplicar essas sobretaxas porque senão iria diminuir a capacidade do aeroporto", disse aquele responsável ao PÚBLICO, respondendo às críticas das companhias aéreas que se queixam dos elevados custos de estacionamento.
O aeroporto de Lisboa tem 51 posições de estacionamento, mas há 110 aviões que nele estão baseados. Só a frota da TAP mais a da Portugália são 71 aparelhos (embora muitos "durmam" no Porto, Funchal e nos destinos de longo curso). Guilhermino Rodrigues diz que já chegou a ter aviões parados uma hora na plataforma, com os passageiros lá dentro, à espera de lugar para estacionar, e daí a urgência de adoptar Beja como infra-estrutura alternativa destinada a aparelhos que estão mais tempo em terra.
Alguns destes aviões são usados para charters ou em situações de recurso como, por exemplo, colmatar greves, fazer transporte de tropas ou de ajuda humanitária, voos que são bem pagos e que compensam o tempo em que os aparelhos estão em terra. Por outro lado, a recessão fez com que as companhias regulares e os charters voem menos, obrigando a mais tempo de estacionamento em placa.
Guilhermino Rodrigues fala num mercado para o estacionamento dos aviões, sendo o aeroporto de Beja - com espaço de sobra e taxas baixas - ideal para esse fim. Mas mais do que fazer um negócio, o presidente da ANA quer é resolver o problema do congestionamento do aeroporto de Lisboa, pelo que existem já conversações com o INAC e a Força Aérea para operacionalizar Beja para aquele fim.
António Monteiro, porta-voz da TAP, disse ao PÚBLICO que esta medida não só não afectaria negativamente aquela transportadora, como teria efeitos benéficos ao libertar capacidade de operação.
O presidente da ANA não descarta a possibilidade de Beja vir a ser um aeroporto internacional. "Um aeroporto não se faz, vai-se fazendo", disse, considerando que o momento de crise actual empatou alguns projectos turísticos para o Alentejo em torno do Alqueva, mas que, após a retoma, é de esperar que os fluxos para ali gerados despertem o interesse de companhias aéreas que para ali queiram voar.
Guilhermino Rodrigues falou ao PÚBLICO, em Madrid, quando acompanhava uma visita do ministro das Obras Públicas e Transportes, António Mendonça, ao novo terminal do aeroporto de Barajas, na terça-feira.
Aquele nova infra-estrutura, que custou 6 mil milhões de euros, duplicou de 35 para 70 milhões de passageiros/ano a capacidade daquele aeroporto, que é responsável por 13 por cento do PIB gerado na região autónoma de Madrid.
Os seus responsáveis explicaram que ainda se colocou a possibilidade de Madrid vir a ter um segundo aeroporto, mas que a existência de espaço em redor e a urgência de aumentar a capacidade, levou à solução da ampliação. Já Lisboa optou por um aeroporto novo, cuja inauguração Guilhermino Rodrigues mantém para 2017.