Ana Gomes critica tom da carta de José Sócrates ao PÚBLICO
No blogue Causa Nossa (em http://causa-nossa.blogspot.com/ ), em que Ana Gomes participa juntamente com mais autores, a socialista afirma que não gostou das revelações, muito menos das casas “esteticamente penosas”. Mas do que não gostou mesmo foi da carta de José Sócrates: “Menos, menos ainda, só da carta de protesto que o PM José Sócrates escreveu ao PÚBLICO e em que assume a responsabilidade dos respectivos projectos. Será de engenheiro técnico. Não é de primeiro-ministro”, refere.
O primeiro-ministro acusava, na dita carta, o jornal de ter “desistido de fazer jornalismo de referência” depois da publicação, no dia 5, de um artigo que revela que, ao contrário do que tinha já afirmado em 2008, a actividade de projectista que exercia não era, como tinha referido, residual. A notícia referia que o actual primeiro-ministro assinou, entre 1987 e 1991, 26 projectos de casas na Guarda, 21 dos quais quando gozava de regime de exclusividade na Assembleia da República.
José Sócrates foi afastado pela Câmara da Guarda, em 1990 e 1991, da direcção técnica de obras particulares de cujos projectos era autor, depois de ter sido várias vezes advertido por causa da falta de qualidade dos seus projectos e da falta de acompanhamento das obras - chegando a ser ameaçado com sanções disciplinares.
Num outro “post”, Ana Gomes acusa ainda Sócrates de ter tido uma “estarrecedora insensibilidade”, ao elogiar as capacidades de gestor de António Mexia à frente da EDP, numa altura em que são públicos os valores que recebeu em 2009 por parte da empresa pública.
O gestor recebeu mais de três milhões de euros em salários fixos e remuneração variável em 2009, valor que já afirmou considerar justo tendo em conta o cumprimento dos objectivos por si propostos.
“Que estarrecedora insensibilidade - a do primeiro-ministro, hoje ao lado de Mexia, todo elogios ao gestor, sem uma palavra de admoestação, a impor moderação, a pedir contenção, semelhante à que pede ao povo”, diz Ana Gomes sobre Sócrates, criticando Mexia: “Que topete! Que descaramento! Que imoralidade! - os do Dr. António Mexia, a dar-lhe com ‘os objectivos’, ao ser confrontado pelos jornalistas sobre o estupor público suscitado pela soma faraónica que arrecadou nos últimos anos, com o indecoroso aval do accionista Estado, à conta dos consumidores da EDP, cujas tarifas foi aumentando.”