Torne-se perito

Associações LGBT cautelosas sobre aplicação do projecto

Paulo Côrte-Real, da ILGA/Portugal, e Sérgio Vitorino, das Panteras Rosa, perderam conta às denúncias que as suas organizações receberam relativas a casos de potenciais dadores de sangue que foram excluídos devido à sua orientação sexual. "São 15 anos de denúncias", afirma Vitorino. A aprovação do projecto do Bloco de Esquerda (ver texto acima) é interpretada com optimismo pelos dois activistas. Mas não deixam de ser cautelosos quanto à aplicação das medidas que combatem a discriminação. Isto porque "nos últimos anos assistimos a avanços e recuos do Instituto Português do Sangue (IPS)", nota Côrte-Real, lembrando que em Março de 2006, o então presidente do IPS, Almeida Gonçalves, anunciou o fim da exclusão dos homossexuais masculinos nas dádivas de sangue. O critério discriminatório foi retirado do site do IPS, mas manteve-se em inquéritos de inúmeras unidades de saúde. Para Sérgio Vitorino, os questionários "são menos problemáticos do que os receios dos próprios médicos" responsáveis pela qualidade do sangue. "O problema principal é a ideia de que existem comportamentos de risco específicos dos homossexuais", frisa, observando que "um sistema que quer proteger a qualidade do sangue tem de perguntar directamente a todas as pessoas se alguma vez teve este ou aquele comportamento de risco". Por ora, Vitorino prefere "esperar para ver" os efeitos da recomendação ao Governo. Até porque, recorda, há cerca de um ano o presidente do IPS, Gabriel Olim, informou as Panteras Rosa, durante uma reunião, que Portugal era auto-suficiente em reservas de sangue. "Como é que se explica o que aconteceu em Fevereiro?", questiona, referindo-se ao alerta do IPS para os valores mínimos das reservas nacionais.

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